terça-feira, 9 de junho de 2009

O rebelde sem causa

Partindo do princípio que a Internet não te deixa mais idiota, só deixa tua idiotice mais acessível aos outros, venho mais uma vez queimar meu próprio filme. A foto acima eu tirei pensando em mostrar aos meus filhos no futuro minha fase de rebeldia na adolescência. Mas como o filho ainda demora, mostro aqui de uma vez antes que eu esqueça as histórias.
Foi na república em que eu morava em Viçosa, em 1993, aos 19 anos, no segundo ano de faculdade na Universidade Federal. Primeira vez que saí da casa dos pais, consegui vaga na república mais bem localizada da cidade, na galeria Maria Mucci, no calçadão de Viçosa, perto da Universidade e perto dos melhores botecos.
Não dá pra ver direito, mas estou usando um colar com o símbolo da anarquia, brinco de argola na orelha esquerda e deixei crescer todos meu cinco fios de barba formando uma estranha barbicha. Ah, e o cabelo também deixei crescer, usava ele amarrado tipo rabinho. E a cara de mau (dá até medo) é pra mostrar a rebeldia. Mas eu não era emburrado não, na verdade, a expressão foi só pra parecer rebelde.
Dá pra perceber na estante uma garrafinha de Coca Cola do Rock in Rio II (momento merchandising) e a impressionante quantia de três livros, provavelmente pra enfeitar. A foto da namorada era como um troféu, uma das mulheres mais lindas de Ouro Branco, minha cidade de origem, em cima da caixa com as cartas que ela me mandava (algúem lembra disso, cartas via correio?) Também é evidente a Joana, a bicicleta em que mais rodei na vida, só a viagem de Viçosa a Ouro Branco, de 140 km, fiz três vezes. É, eu gostava bem de pedalar. Mas conto em outro post.
Voltemos ao rebelde. Dá pra perceber também a rebeldia em não lavar as roupas e deixar acumular no cantinho, em cima de uma caixa de bicicleta (que já devia ter ido pro lixo, mas eu tinha mania de guardar lixo), à espera do dia em que nossa faxineira fosse lá sofrer com uma tonelada de roupas. As minhas ainda costumavam estar duras de barro seco, das trilhas que eu fazia.
E os companheiros de república? Não, ninguém era normal. Da esquerda pra direita, eu, o Nica, amigo de infância de Ouro Branco, o apelido é devido à procedência, Nicarágua, atrás dele está o Marcelo Varela, embaixo com os óculos pintados de corretivo está o Veínho (Robson) e enfim o Pastel, vulgo Fabrício. Marcelo e Fabrício eram de Brasília, e o resto de Minas. Vendo as fotos agora lembro de tanta história que já tô rindo antes de contar. Esta acima e a próxima foram tiradas no dia do Aniversário de 21 anos do Pastel, 29 de julho de 1994. Isso que é memória heim!
Vou contar um pouco sobre o Fabrício Pastel. Ou, como ele dizia, Paxxxtel. Um dos caras mais estranhos que já conheci, e também um dos mais bacanas. As viagens dele eram hilárias. Numa dessas, ele cismou de fazer um ovo frito. Pegou a frigideira, procurou embaixo da pia e viu que estávamos sem óleo. Lá vai ele bater na porta das vizinhas (opa, viajei, ninguém batia na porta, ia entrando). Encontrou a Iza, carinhosamente chamada de "mãe" por nós, calouros dela, e pediu o óleo emprestado. Veio com o óleo, pôs na frigideira e procurou o sal. Não tinha. Voltou na mãe, pediu sal e veio pra casa. Óleo, sal, foi pegar o ovo. Pra surpresa dele, não tinha também. Voltou na casa da mãe, pediu o ovo "emprestado" (ela nunca ia ver de novo) e quando já ia saindo, deu uns passos pra trás e falou: "ô mãe, faz um ovo pra mim?" Nem um pouco folgado.
Outra história dele. O Nica fazia engenharia civil, o Pastel engenharia de alimentos. Nica ia saindo de casa e pediu ao Pastel, que estava fazendo alguns exercícios na sala, o livro de cálculo emprestado. Ele falou pro Nica pegar no quarto, na estante. Nica voltou, dizendo não ter encontrado o livro. Pastel achou estranho, e perguntou ao Nica:
- Ué, não lembro de ter emprestado pra ninguém, você lembra se alguém pediu?
- Não, acho que não, disse o Nica, que percebeu que ele estava no exercício 128.
Tudo bem, foi o Nica pra aula. Duas horas depois, chega o Nica em casa e vê o Pastel com um ar aéreo, falando sozinho. Chegou perto e viu que ele ainda estava no mesmo exercício, que estava todo rabiscado enquanto ele repetia:
- Será que emprestei o livro pra alguém? Será que deixei na biblioteca? Onde será que está meu livro de cálculo? Estranho não estar na estante...
O cara nem se levantou pra procurar no quarto, tal era a viagem do indivíduo. Grande figura o Pastel, saudades daquele tempo de república e das viagens da galera. Depois conto mais!!

2 comentários:

  1. kkkk... não lembrava dessa história do pastel... kkk... mas lembro da Branca de Neve, nossa geladeira, ou do famigerado "de que planeta vc veio?". kkkkk... isso pra ficar nas de censura livre, kkkk.... Abraços, o outrora conhecido como Nica :-D

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  2. Hehehehe sua juventude foi invejavelmente boa!!
    Mas, fritar ovo não é tão difícil assim, teu amigo abusou da vizinha!! hihihi
    Beijos

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