terça-feira, 31 de março de 2009

Histórias e causos do Sarah

A internação no hospital Sarah é uma experiência imperdível para um lesado. Lá, ao invés de nos sentirmos "incluídos", a gente se sente em casa, parece que os incluídos são os andantes. Mas apesar disso ainda tem uns internos deprimidos, desanimados... mas nós, duplos lesados, estamos aí pra animar esse povo. Aconteceram muitos fatos engraçados e descobri que não sou o único perturbado sem noção que faz piada com a vida alheia e com a própria.
Aqui em BH o Sarah fica ao lado de um centro de treinamento da PM, e bem ao lado do solarium (onde o povo toma sol, mas e quem vai lá à noite? Muda pra luarium?) fica uma quadra de futsal pros homi bater uma bolinha. Aí ficam os cadeirantes lá no "luarium" vendo a partida e, óbvio, sacaneando. É pra rir mesmo, os caras quebrados, em cadeira de rodas ou maca, e gritando pros "atletas":
- Deixa de ser perna-de-pau!
- Ih, esse gol até eu rodando teria feito!
- Abre espaço aí que a de fora é minha!!
Era muito engraçado a noite no luarium. Além disso, vem as piadas, papo furado, fofocas...
E o dia em que eu caí da cadeira? Estávamos treinando subir e descer rampa, os acompanhantes auxiliando, mas como eu tava sozinho, a fisioterapeuta ficou comigo. Todo mundo desceu a rampa que dava pro estacionamento e lá venho eu com a fisio. Detalhe: tenho 1,95m e 88 quilos. Mas eis que a almofada da minha cadeira estava sem velcro, e bem no meio eu começo a escorregar da cadeira. A fisio, tadinha, tentou me pegar pela gola da camisa mas serviu só pra me enforcar! Putz, eu caindo e a mulher ainda vem me enforcar. Acabei indo pro chão, mas meio em camera lenta, deve ter sido muito engraçado de ver. Aquele monstro escorregando, primeiro bati o joelho, depois o quadril, e quando já ia começar a rolar ladeira abaixo consegui apoiar com a mão. Aí lá vem aquela luta, juntou uns cinco pra me por na cadeira de novo. E a fisio toda preocupada pedindo desculpa.
Tinha também os apelidos. Não lembro de muitos, mas tinha uma lesada que só podia ficar na maca de bruços, virou a "sereia".
Hm, e teve a minha primeira piadinha no Sarah. Foi um amigo me visitar e veio perguntando: "O pessoal trata bem aqui?"
Respondi de pronto: "Tratar trata, mas achei meio sacanagem um episódio na aula sobre funções intestinais. Um cara perguntou como fazia se ficar com o intestino preso e a mulher falou pra ele:
- "Enfia o dedo no c* e roda!" Acho que ela pegou meio pesado."
Na verdade a médica sugere que "introduza o dedo no ânus e faça movimentos circulares" mas minha interpretação foi mais engraçada.
Se lembrar mais episódios posto depois. A imagem lá em cima é meramente ilustrativa.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Mais piadas politicamente (in)corretas

- Em uma pequena cidade do interior de São Paulo, havia uma mulher que ia todos os dias no mercado da esquina buscar leite para seu filho, e como era muda, chegava e pedia o leite para o dono do mercado, apertando com as duas mãos seu seios... Já sabendo o que ela queria, o homem logo lhe entregava logo o leite . Um dia, ela chegou no mercado e o dono não estava. Quem estava atendendo era um jovem, filho do dono. A mulher chegou e fez o mesmo gesto de sempre... O rapaz olhou para ela, colocou a mão em seu saco, e, abriu as duas mãos, como descrevendo alguma coisa em grande tamanho para a mulher... Ela apavorada com aqueles gestos, voltou para casa e explicou tudo ao marido... O homem muito nervoso, foi até o mercado. Ao chegar lá, começou a gritar e xingar o rapaz:
-Você é um vagabundo, fez gestos obscenos para minha esposa, agora vou te matar...
O rapaz apavorado, logo foi dando suas explicações:
-Não fiz nenhum gesto obsceno para sua esposa... Ela chegou aqui e pediu leite. Eu apenas perguntei se ela queria de saquinho ou de caixinha...

- Em uma competição especial de natação para deficientes tinham três competidores, um não tinha os braços, mas sabia nadar muito bem só com as pernas, o outro não tinha as pernas, mas nadava bem só com os braços, e o terceiro não tinha nem os braços, nem as pernas, mas sabia nadar só com as orelhas. E é dada a largada, empurram os três na piscina. O que não tinha os braços e o que não tinha as pernas, iam bem, mas o que não tinha os braços, nem as pernas estava se afogando, então os salva-vidas pularam na água para salvá-lo e perguntaram :
- Você não disse que sabia nadar só com as orelhas ?!
- E sei, muito bem. Só queria saber quem foi o filho da mãe que me colocou esta touquinha.

- Um homem foi até uma estação de rádio para fazer um teste de locutor, quando chegou lá e foi atendido, perguntaram:
- Qual o seu nome?
- Pa Pa Paulo da Sá Sá Sá Silva...
O Cara da Rádio ficou furioso e disse:
- Cara! mas você é gago? e como quer arrumar emprego na rádio se você é gago???
E ele respondeu:
- Não meu amigo, eu não sou gago, meu pai era gago e o cara do cartório, um filho da puta!!!

- Uma mulher muito caridosa diz ao mendigo na rua:
- A semana passada o senhor era cego, hoje é surdo-mudo!
E o mendigo:
- Para a senhora ver a rapidez com que eu passo de uma desgraça a outra.

- Um deficiente tava na maior vontade de tirar uma e não sabia como aliviar e então os amigos dele resolveram levar ele no puteiro, chegando lá pagaram pra uma das mais experientes e disse a ela pra ter paciência com ele e ir devagar, e ela concordou.Ao subir pro quarto ela faz um striper daqueles pra ele tira a roupa todinha, se esfrega na cama e chega perto dele e começa a tirar a roupa dele, tira a camisa, tira o sapato, tira a meia, nisso ele avisou que não usava cueca.Então ela tirou a calça dele, se espantou e falou:
- Ué, seus amigos me disseram que vc era deficiente, que era pra ter paciência com você mas como é que a gente vai transar se você não tem o pinto?
Ele calmamente respondeu pra ela:
- Não dona, o que eu não tenho é a perna esquerda.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Quando a deficiência vira piada

Muita gente torce o nariz e olha feio quando alguém vem com uma piada de deficiente, dizem que é preconceito, que eles sofrem muito, etc.
Mas como sou deficiente e comediante, ou melhor, não sou um comediante de verdade, apenas um comicozinho, sem maiores pretenções. Selecionei algumas piadas que encontrei na Internet, deleitem-se:

- O ceguinho chegou no restaurante, e pediu um cardápio em braile. O garçom, desculpando-se, disse que não tinha. O ceguinho falou:
- Não faz mal, me traz uma faca suja da cozinha para eu provar a comida.
O garçom achou estranho, mas atendeu ao pedido. Pegou uma faca usada na cozinha, e deu ao ceguinho. Este lambe a faca e comenta:
- Hummm, ótimo tempero. Camarco, com arroz a la grega, pode me trazer esse prato mesmo.
No dia seguinte, a mesma coisa:
- Hummm, strogonof de frango, batata frita,...pode trazer esse prato mesmo.
Passou-se uma semana, sempre a mesma coisa, o ceguinho pedia a faca e dizia o prato. O garçom, querendo sacanear o ceguinho, resolveu aprontar. No outro dia, quando o ceguinho chegou e pediu a faca ao garçom, este pegou uma faca e chegou pra cozinheira:
- Maristela, eu to afim de aprontar pro ceguinho. Pega essa faca e passa na 'perseguida'...
A cozinheira atendeu ao pedido, e o garçon levou a faca para o ceguinho. Este colocou a faca na boca, pensou um pouco e falou:
- Ah, não vai me dizer que a Maristela tá trabalhando aqui!!

- O cara já tinha bebido mais de vinte garrafas de cerveja e, no auge da bebedeira, decidiu ir para outro bar. Bêbado é assim, quando decide, faz e pronto. Mas quando ele foi se levantar da cadeira, plaft, caiu de cara no chão. Então ele tentou se levantar e, pá, caiu de novo. Então o bebum se rastejou até a porta do bar. Quem sabe, tomando um ar fresco ele conseguisse levar. Ele esperou um pouco, tentou se levantar e, bum, desmoronou outra vez. Então ele começou a se rastejar. Pelo menos isso ele conseguiu. Foi se rastejando pela rua e teve pelo menos uma idéia inteligente: resolveu desistir do outro bar e ir pra casa, já que não conseguia nem andar. Depois de se rastejar alguns quarteirões ele chegou em casa. Agora ele conseguiria levantar. Que nada! Caiu de novo! E foi rastejando até a sua cama. Acordou na manhã seguinte com a esposa dando uma tremenda bronca:
— Bonito, hein! Bebendo novamente na rua até tarde!
— Quem disse isso? — perguntou ele, com olhar inocente.
— Ligaram do bar e disseram que você esqueceu a cadeira de rodas lá de novo!

- O pai chega pro filho e fala:
- Joãozinho, meu chefe vem jantar aqui em casa hoje acompanhado do seu filho, que não tem as duas orelhas. Pelo amor de Deus, comporte-se! Não me sacaneie desta vez, pois eu preciso de uma promoção!
- Tudo bem, papai! Não se preocupe! Desta vez vou me comportar bem! O senhor vai ver que, se depender de mim, sua promoção virá!
Durante o jantar o Joãozinho falou pro menino sem as duas orelhas:
- Que Santa Luzia abençôe seus lindos olhos...!
Obviamente, ninguém entendeu o que estava acontecendo com aquela "santa e doce criaturinha". O pai ficou enternecido com o esforço de bondade do filho que continuou a falar, por mais algumas vezes pro menino sem as duas orelhas:
- Que Santa Luzia abençôe seus lindos olhos...!
O pai do menino sem as duas orelhas, emocionado, olha pro pai do Joãozinho e comenta:
- Não estou acostumado a ver meu filho ser tão bem tratado! Que criaturinha maravilhosa é seu filho!
E voltando-se pro Joãozinho pergunta:
- Por que o desejo de que Santa Luzia proteja os lindos olhos do meu filho?
Ao que o Joãozinho responde:
- Porque se ele tiver de usar óculos, tá fudido!

- Num colégio para deficientes, o professor ia passando perto do refeitório quando o cozinheiro chega e pergunta:
- Quer comer uma torta, professor?
- Não, agora não, obrigado! Acabei de comer uma ceguinha!

Amanhã posto mais!

sábado, 21 de março de 2009

Lesado, quebrado, mas ainda pegador..

Pensam que, só porque o cara tá fudido, quebrado, todo esfolado, de cabeça raspada, com 345 parafusos nas costas e ainda paralisado do peito pra baixo vai deixar de cair matando na mulherada? Nana-nina-não. Dá mole pra você ver, dá.
Bem, uma pessoa normal nem pensaria nisso, mas um lesado... Acompanha comigo: eu estava há dois meses solteiro depois de um namoro de um ano e meio, tava morando em Floripa, conhecida como "ilha da magia" (acho que é porque até um esquisitinho arruma mulher gata lá - mágica!) e sempre tive um lado meio "Don Juan", porque eu ia sair do "ritmo" e parar a fila?
Mas acontece que assim que sofri o acidente voltei com a ex-namorada (a do um ano e meio). Porém, não era esse meu objetivo. Tanto que eu estava indo embora pra Floripa sem reatar o namoro. Mas veio o acidente, ela me ajudou muito, sou muito grato por isso, mas o relacionamento tava mais capenga que eu.
Como todo bom pegador, tenho um "radar" de potenciais presas. Chegando ao hospital, a enfermeira que me recebeu era simplesmente a mais gata do lugar. Morena, cabelos lisos, olhos verdes, pele clarinha. E um corpitcho daqueles. O radar apitou na hora. Mas eis que no reconhecimento da presa, um detalhe meio chato: uma puta aliança na mão esquerda. Pensei: vai dar um certo trabalho... Olha a irresponsabilidade do animal: nem andar eu podia, muito menos correr de marido traído. Mas um bom pegador transforma obstáculos em vantagens: quando é que o cara vai desconfiar de um paraplégico?
Aquela história: papo vai, papo vem, descobri que ela estava separada, morando em casas diferentes, prestes a chutar o balde, apesar de o cara querer voltar. Radar avisa: presa na mira. Ataque número 1: "a que horas larga o plantão? Que faz depois?" E ela "Tenho aula na faculdade". Hm, presa se afastando. "Não pode matar uma aulinha?" Ela: "Quem sabe...". Presa na mira de novo. Daí em diante ela largava o plantão e ficava no hospital, batendo papo com o lesado mais gato do pedaço.
Ataque número 2: eis que uma noite, como quem não quer nada, disparo um "está frio, passa manteiga de cacau em mim" e ela "passo, já passei em mim" e o cachorro aqui "então passa em mim sem usar as mãos". Pow, tiro certeiro, presa abatida.
Na sequência, o lance foi ficando bom, eu estava de saída do hospital e precisava de uma enfermeira nos primeiros dias em casa, e não é que ela tinha férias pra tirar? Santa coincidência, batman. Com a ida pra minha casa a coisa muda: pula fora do marido logo, ranca essa aliança que me viro com minha namorada. Assim foi feito e viveram felizes para sempre... até o próximo capítulo.
Enquanto isso, uma outra ex-namorada minha estava me rondando. Visitava sempre, ligava toda semana, e um dia soltou: larga essa bruaca que eu caio dentro. Fiz licitação, estudei a melhor proposta e agendei um test drive. Acredita que eu, numa cadeira de rodas, dei o famoso velho truque do perdido no carnaval pra encontrar a ex?
Test drive feito, proposta estudada, não é que o trem era miózim? A mulher gostava de mim desde que terminamos há quatro anos, morava em Salvador e veio no carnaval pra BH só pra me ver (a princípio achei que ela tinha um parafuso a menos). Disse que se eu pulasse fora da lambisgóia voltava pra BH rapidim, dava casa, comida e roupa lavada. Então tá , fazendo nada mesmo. Lá fui eu pagar pra ver. Aquela velha "saída pela direita" na enfermeira, e investindo tudo na ex. Mas dessa vez era diferente: não era uma pegada, já havia pegado muuuito. Era uma investida de verdade, barba, cabelo e bigode, praticamente uma pré-aposentadoria das pilantragens.
Agora sim, viveram felizes para sempre!!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Ainda bem que mãe acha bonito


Desde pequeno não posso ver um espelho ou uma máquina fotográfica. É careta na hora. Quando é criança, tudo bem, é bonitinho. Mas até hoje é dose. Me controlo e só faço perto da família, senão não posso viver em sociedade. Mas o que acho interessante é a variedade de caras que o ser humano consegue fazer, parece até uma pessoa diferente.
Deixando a parte ridícula de lado, é bem engraçado algumas vezes. Imagina eu no Big Brother? Ia fazer careta demais. Acho que iam me tirar na marra alegando problemas mentais. Ah, mas quem nunca fez careta? Experimente, faça na frente do espelho, garanto que uma hora você vai rir. A verdade é que sou bonito demais, aí faço careta pra enfeiar um pouco, me sentir mais como o resto do povo, e evitar confusão, porque a mulherada cai em cima mesmo.
Mas há também o lado bom dessa mongoliçe. Nosso rosto tem 42 músculos, e movimentá-los frequentemete ajuda a prevenir rugas e flacidez. Para sorrir usamos 14 músculos e beijando usamos 29. As caretas, então, mexem com todos! É a forma mais divertida de ginástica facial. Veja mais alguns benefícios desta malhação:
  • Promove o bom funcionamento das FUNÇÕES VITAIS, como respirar e engolir.
  • Aumenta a CIRCULAÇÃO NO ROSTO.
  • Combate o ENVELHECIMENTO PRECOCE queimando o ácido láctico, responsável pela liberação dos radicais livres.
  • Ativa a PRODUÇÃO do Colágeno e a capacidade de regeneração celular (que caem de forma acentuado com o envelhecimento da pele).

Portanto, eu não envelheço tão cedo! Vou estar com 70 anos com cara de 40. Vamo fazê careta, gente!!

terça-feira, 17 de março de 2009

Como eu era... como você!

Acho que já nasci pedalando...

O grandão que anda de bike. Era assim que eu era conhecido. Tenho 1,95m e não saia de cima de uma bike por nada, ou quase nada. Tive dezenas. Elas dormiam no quarto comigo. Todas tinham nome e causavam ciúmes nas namoradas. Foi Beatriz, Sheila, Carol e outras. Mas apesar do carinho não tinha dó das bichinhas. Já quebrei dois quadros no meio. Acho que já quebrei tudo quanto é peça. E apesar disso, só quebrei um osso, o maxilar, mas nem trilha eu tava fazendo.
Sou o de camisa branca, o mais bonito, claro.
Então, assim que eu era. Fazendo esportes sempre, curtindo natureza, adorava acampar, não parava em casa pra (quase) nada. Quando sofri o acidente que me deixou paraplégico, eu estava morando em Florianópolis, fazendo mestrado na UFSC em finanças, e em total atividade esportiva. Além de ir de bike todo dia pra universidade, fazia trilha no sábado à tarde, balada à noite e trekking domingo de manhã. Haja fôlego!
Vieram as férias de Julho e vim pra Minas, visitar meus pais e amigos. Fui a Viçosa visitar amigos, e já saindo pra BH passei na loja de um amigo que tinha acabado de comprar uma moto, dessas 'tampra de caixão', 600 cilindradas e com pneu de competição. Fui pra Universidade, onde tem muita reta, e estava em férias, pra acelerar um pouco. Peguei a reta mais vazia, chamei a bichinha no acelerador. A 140 por hora, eis que surge, do nada, um trator com carretinha, atravessando na minha frente. Lasquei pé e mão nos freios e a moto rabeou e me jogou longe. Bati com a cabeça no chão e o peso do meu corpo esmagou minha vértebra T2. Machuquei bem a mão e o tornozelo, mas quando tentei levantar... nada. O socorro veio rápido (foi perto dos bombeiros da universidade), fui transferido pra BH no mesmo dia, dali a uma semana fiz uma cirurgia de artrodese na coluna (doze 'pequenos' parafusos ligados formando uma estrutura, praticamente um Robocop) e fiquei dois meses internado.
Muita gente pensou: "coitado, uma vida ativa dessas e de repente está preso a uma cadeira de rodas..." Aí que entra a outra lesão: não fiquei triste, nem deprimido, nem inconformado. Meio puto pela merda que aconteceu, mas pensei: "que que eu posso fazer? Nada. Então vou tentar viver da melhor forma possível." Dizem que quem cai nessa passa por várias fases: confusão, revolta, depressão, aceitação. Eu passei por elas em quatro minutos. Cara, eu tava vivo, isso é coisa pra comemorar.
Tanto que minha 'estadia' no hospital parecia uma colônia de férias. Mexia com todo mundo, médicos, enfermeiras, fisioterapeutas. O povo devia pensar: "esse cara não vai ficar triste não?" Pra que? Ia melhorar alguma coisa? Ia acelerar a cura? Hoje vejo que grande responsável pela recuperação que sinto é minha cabeça boa. Tava tão numa boa que até namorada arrumei lá. Tudo bem que eu tava namorando, quando houve o acidente, a ex que fui visitar em Viçosa voltou a ser 'atual', mas não era pra ser mesmo. Aí conheci uma enfermeira, que apesar de casada (ainda usava aliança) estava separada do marido. Quando fui sair do hospital, eu precisava de alguém pra ajudar nos primeiros dias em casa, ela estava entrando de férias, foi tomar conta de mim. Fui conhecendo-a melhor, uma coisa leva a outra, aí já viu... mas isso é assunto pra outro post.

Mas que merda de lesado é esse?

A vida toda empinei bicicleta em uma roda, com duas ficou fácil!

A história é a seguinte: nunca fui normal. Fácil de definir: perco o amigo mas não perco a piada. Ou nas palavras do meu pai: esse cara tem um parque de diversões na cabeça. É, esse sou eu. Graças a Deus. Foi essa "deficiência" mental que me ajudou a lidar com a deficiência física, conseguida (foi difícil?) através de um acidente de moto, em que lesei minha medula. Ah, agora é oficial, sou lesado mesmo!! Nem adianta disfarçar. Mas não se preocupe, sou lesado mas sou limpinho. Neste espaço contarei minhas 'aventuras' a bordo da cadeira de rodas.