quarta-feira, 29 de abril de 2009

Coisas que um cadeirante ADORA escutar

Muitas vezes as pessoas não fazem por mal, a falta de informação acerca da condição de cadeirante gera perguntas ridículas e situações constrangedoras. Nas primeiras vezes temos paciência e levamos numa boa os questionamentos, mas chega uma hora que, dependendo do indivíduo e da pergunta (tem uns que fazem de sacanagem), dá vontade de aproveitar a altura em que nossa mão fica em relação às pessoas e lascar um murro nas partes baixas.
Abaixo listei algumas situações e questões que muitos cadeirantes vivenciam. Em nome do bom convívio social, da tolerância com o próximo e da paciência gigantesca geralmente somos educados. Mas, e se não fossemos?... Como minha criatividade pro mal feito é muita, mando duas respostas "tolerância zero" pra cada pergunta.

Situação: Contando sobre a perda de sensibilidade.
Pergunta: - Você não sente nada mesmo?
O que ele responde: - Não, não sinto nada mesmo.
O que gostaria de responder:
- Às vezes sinto vontade de chorar quando alguém pergunta isso.
- Sinto muito sobre sua ignorância cavalar que não te deixa entender o que é perda de sensibilidade.

Situação: O cadeirante diz que tem carro e dirige.
Pergunta: - Como é que você faz pra dirigir?
O que ele responde: - Meu carro é adaptado pra mim.
O que gostaria de responder:
- Deito no banco, acelero com uma mão, dirijo com a outra e amarrei um espelho no banco pra enxergar a estrada. Tranquilo.
- Instalei um controle de videogame no carro pra fazer tudo na mão. O problema é quando dá game over, o carro para de funcionar.

Situação: O cadeirante mostra o carro adaptado pro animal acreditar.
Pergunta: - Ah, você dirige com as mãos?
O que ele responde: - Sim, é tudo nas mãos.
O que gostaria de responder:
- Não, dirijo com o nariz, gosto de aventura.
- Todo mundo dirige com as mãos, sua toupeira, a diferença é que acelero e freio com uma das mãos.

Situação: O cadeirante se mexe na cadeira, mudando um pouco de posição.
Pergunta: - Deve ser muito ruim ficar sempre sentado né?
O que ele responde: - Sim, muito ruim.
O que gostaria de responder:
- Que nada, a gente descansa pra caramba, e nem precisamos pegar cadeira, banco, nada, temos sempre lugar pra sentar.
- Ruim mesmo é não alcançar sua nuca pra te dar um tabefe.

Situação: O cadeirante faz elevação (se suspende pelos braços)
Pergunta: - Sua bunda não fica doendo?
O que ele responde: - Tenho pouca sensibilidade (ou nenhuma).
O que gostaria de responder:
- Sua anta, não lembra que te falei que não sinto nada?
- Menos que a sua, que está sempre em uso...

Situação: Conversa sobre sexo.
Pergunta: - Você tem disfunção erétil?
O que ele responde: - Não, funciona direitinho.
O que gostaria de responder:
- Brocha é a pqp.
- Dá uma apalpada aqui em baixo que você descobre.

Situação: Ainda conversa sobre sexo.
Pergunta: - Você consegue transar normalmente?
O que ele responde: - Sim, só fico limitado a algumas posições.
O que gostaria de responder:
- Não, preciso utilizar a posição 238 do Kama Sutra me pendurando no teto enquanto minha parceira planta bananeira.
- Pergunta sua irmã que ela te responde.

Situação: Comentando sobre como tomamos banho.
Pergunta: - Você consegue tomar banho sozinho?
O que ele responde: - Sim, tenho uma cadeira própria pra entrar debaixo do chuveiro.
O que gostaria de responder:
- Tenho três enfermeiras gostosas que me dão banho de esponja todo dia.
- Não, quando sua irmã não está ocupada ela me dá banho de esponja.

Situação: Falando sobre o dia a dia.
Pergunta: - Você se vira sozinho?
O que ele responde: - Faço quase tudo sem ajuda, é só buscar novas maneiras.
O que gostaria de responder:
- Que nada, minhas enfermeiras me ajudam em tudo, principalmente no banho de esponja.
- Claro, e ainda te viro de bruços, vamos ali pra você ver.

Situação: Ainda sobre o dia a dia.
Pergunta: - Você consegue ficar sozinho em casa?
O que ele responde: - Sim, sem problemas.
O que gostaria de responder:
- Nada, além das enfermeiras tenho dois javalis, um porco espinho e três araras pra me fazer companhia. Tô precisando de uma anta, você se interessa?
- Que nada, sua irmã tá sempre lá comigo. Acha mesmo que ela faz pilatus, aula de inglês e natação todo dia?

P.S.: se o cara não tiver irmã, serve a prima. Ou se o cadeirante já estiver puto (e o cara não for muito forte), apela pra progenitora.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Tombos e capotes


Se tem uma coisa mais feia que trombada de charrete é tombo de cadeira de rodas. Até que, proporcionalmente, levei poucos tombos na cadeira... até hoje. Além do que levei no Sarah, que contei aqui, houveram dois bem mais feios. O segundo tombo que levei foi em Maresias, fui pra lá curtir um feriado, no início de 2007.
Ficamos em uma pousadinha perto da praia, com piscina e cachoeira artificial. Piscina? Tô dentro. Sempre curti uma água (pra nadar, a de tomar só a que passarinho não bebe). E lá vai o cadeirante teimoso entrar na piscina. A primeira ideia genial que tive foi pedir pra minha namorada fazer como se eu fosse um carrinho de mão, embicar a frente e despejar de uma vez o conteúdo. Mas ela não quis fazer isso com medo de eu me machucar. Então passei da cadeira pra uma espreguiçadeira, e dela pro chão, e fui me arrastando até a borda, com minha namorada levando as pernas.
Até aí tudo bem, entrei na piscina e fiquei de molho umas boas horas. Mas na hora de voltar... Consegui sentar na beira, e fui tentar, pela primeira vez, subir na cadeira a partir do chão, manobra que aprendi no Sarah. Acontece que meu ombro esquerdo também é bichado, na primeira tentativa já arriei e caí de bunda no chão. Na segunda, bunda no chão de novo, terceira, mesma coisa, finalmente na quarta, com mais dois me puxando, consegui. Maravía!
Da piscina pros quartos tinha uma descida de grama, e eu, muito do esperto, falei que era mais fácil descer de ré com alguém segurando na frente. Comecei a descida, e deu o óbvio: noventa quilos ladeira a baixo ninguém conseguiu segurar. O que fazer pra parar? Minha primeira reação foi freiar, segurando o aro. Resultado? Acadeira tombou com tudo pra trás. Dá um desepero danado quando vai caindo, parece que tudo tá em câmera lenta, e a maior preocupação é não bater a cabeça. Ainda bem que é grama, pensei. Bati a cabeça de leve no chão, sem machucar, e quando olhei pra cima... um par de joelhos gigantes vem de encontro à minha cara. Foi a mesma coisa que levar dois socos (sem luva de boxe) direto na fuça. Não sei como não perdi um dente. Doeu pra cacete, e quando parecia que tinha acabado, meu corpo rolou por cima de mim, com as canelas mirando o céu, e dei a cambalhota mais esquisita da vida, uma perna pra cada lado. Deu pra imaginar a cena, né? Foi bonito não.
Refeito do susto, conferi se todos os dentes tavam na boca, fiquei com um olho roxo e o nariz latejando. Aí foi só subir na cadeira de novo, e a mesma história, na quarta tentativa, já suando, consegui subir. Todo mundo preocupado, e eu só pensava em entrar na piscina de novo. No dia seguinte fui pra piscina de novo, mas tive o triplo do cuidado pra não cair.
O outro tombo foi pouca coisa pior. Eu fazia fisioterapia num prédio na Av. Contorno, aqui em BH, e resolvi ir sozinho pela primeira vez, todo feliz por não precisar de ajuda (tinha comprado o carro há pouco tempo). Cheguei, montei a cadeira ao lado do carro, pulei pra ela e fui pegar o elevador. Não tinha ninguém esperando, entrei e apertei o andar. De repente, o elevador parece que acelerou de uma vez e foi parar no último andar, o 12º (eu ia no 8º). Apertei de novo o botão e nada. Apertei o de fechar a porta, e nada. Bem, é só sair deste e pegar o outro elevador. Lá fui eu saíndo de ré, tranquilão e de repente, o chão sumiu. O elevador tinha parado com um degrau de uns vinte centímetros e eu não percebi. Fui virando pra trás, e pra minha (in)felicidade tinha um vaso de planta grande, daqueles de cimento, no corredor. Bati na planta, que cedeu com meu peso, e lasquei a cabeça na beirada da vaso, virando de vez com as pernas pro ar. E novamente aquele par de joelhos gigantes na fuça. E como tinha a parede atrás, minha cabeça ficou espremida, as pernas dobradas em cima e um pé pra cada lado.
Olhei pro lado e tava a secretária de um escritório olhando pra mim sem saber se chorava ou ria. "Machucou?" disse ela segurando a gargalhada. "Não", disse eu, pensando "só rachei a cabeça e quebrei oito dentes, mais nada". Aí a moça chamou dois caras pra me levantar e foi lá pra dentro soltar a gargalhada, por sinal nada discreta. Os caras me colocaram de pé, ou melhor, sentado, passei a mão na cabeça, e como não estava molhada, apesar de um galo enorme, agradeci e fui pro outro elevador. Quando contei pra fisioterapeuta, até eu ri, apesar das fortes dores na cabeça, nariz, pescoço... Depois disso passei a ficar esperto com elevador. Taí um aviso pros cadeirantes: quando for sair de um elevador de ré, veja se não há degrau!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Causos pré-lesão: navio (furado) de carnaval

Vou começar aqui uma série de causos (engraçados, interessantes ou ridículos) da minha vida pré-lesão medular (da época em que eu era só meio lesado). A primeira história que compartilho é a de um cruzeiro de navio que fiz no carnaval de 2006, com minha família.
Um belo dia minha mãe me liga dizendo que está fechando um cruzeiro de navio de 7 dias pra Buenos Aires e que o terceiro passageiro sairia por apenas 500 reais, e ainda o quarto sairia de graça. E que meu irmão já tinha fechado como terceiro passageiro, sobrando pra mim a vaga gratuita. 
Maravilha, mas dois probleminhas: ia pegar o carnaval todo e eu não poderia levar minha namorada. Felizmente o primeiro, 'infelizmente' o segundo. Mas eu não podia perder uma chance daquelas, afinal nunca tinha feito cruzeiro. E ainda daria um 'tumé' na namorada bem no carnaval (namoro de mais de um ano).
Fui amaciar a fera. Argumento pra cá, argumento pra lá, vou com a família, vou ficar pensando em você, é uma oportunidade imperdível, não conheço Buenos Aires, e por aí a fora vai. Resolvido com a namorada, era só planejar com meu brother as farras. Bagagem completa: sunga, short, bermuda, camiseta, chinelo, whisky 12 anos, vodca e limão (praticamente um bar portátil).
Chegando no navio, aquela empolgação: foto pra cá, foto pra lá, gente abobada com o tamanho do navio. Nem reparei muito no povo entrando. Na hora de entrar, depois daquela famosa escadinha com o nome do navio, a primeira má notícia: eles passam a bagagem no raio X. Não deu outra: bar portátil apreendido. Na volta eles devolvem. Bem, fazer o que, vamos comprar pinga lá dentro. 
Entramos na cabine, uma cama de casal e uma beliche, joga as malas nas camas e vambora pra piscina ver a mulherada. Elevador, pier no 12º andar (chique né?), saímos do elevador e... nunca vi tanta cabeça branca na minha vida. Nem tanta bengala e andador junto (até aquele momento, porque no Sarah em meia hora vi mais que o triplo). Que furada. Parecia até cruzeiro da terceira idade. Aí os animais fizeram as contas: carnaval, cidades litorâneas lotadas, cruzeiro pra Salvador lotado, quem faz um cruzeiro pra Argentina no carnaval? A turma sexy. Sexagenários. Ô tristeza...
Vamo encher a cara então. Quanto é a latinha de Brahma? Dois dolar e sessenta. HEIM? Isso mesmo, se quiser é o preço. Bom, depois lamento a conta do cartão de crédito. Passamos a tarde tomando cerva na piscina e vendo aquele festival de pelanca. Pelo menos nunca fomos tão cantados na vida, sente as gírias idosas: "oi broto", "nossa, que pão", "vem com a vovó que te ponho no colo". Aquelas velhinhas solteironas ficaram todas serelepes. Pior foi na jacuzzi coletiva. Entrei e reparei uma velhinha toda recauchutada, cabelos loiros chapinhados, batom vermelho e sombra. Já é sinistro a maquiagem numa jacuzzi. Ela vira pra mim:
- É seu primeiro cruzeiro?
- É sim, respondi, imaginando que devia ser o 48º dela.
- Você vai gostar muito, tá cheio de gente solteira...
Essa hora eu quase soltei "e mais ainda de viúva, né". Mas fiquei quieto. A criatura vira e:
- Mais tarde tem show, você vai? Aparece lá no bailão, vou estar lá...
- Ah, tá bom... eu disse já saindo correndo da jacuzzi. Acho que ouvi um "já vai?" mas fingi que não era comigo.
Bem, pra não dizer que foi um fracasso total, tinha mais alguns grupos na nossa situação, fizemos amizade com três meninas também perdidas (uma delas vivia na cabine chamando o juca), pudemos compartilhar a decepção e demos boas risadas. Os animadores também eram excelentes, uma comédia (foto abaixo). Descobri depois no bar da piscina um húngaro que fazia caipirinha de kiwi, a US$ 2,20, era uma delícia! Foi o que mais bebi. E ainda conheci Buenos Aires, que, tirando os argentinos, é uma linda cidade.
No fim das contas, o cruzeiro foi uma ótima experiência, tanto que repetimos no reveillon do ano seguinte. Me impressionei com a diversidade de nacionalidades no navio, tinha indiano, romeno, tcheco (e tcheca também, bem que eu queria que tivesse mais dessa), árabe, italiano, uma verdadeira torre de babel. Ah, tinha uma garçonete, a Eva (acho que era húngara), que era uma simpatia só (foto seguinte, no meio) bati muito papo com ela. Mas fica o conselho: não vá de cruzeiro pra Argentina no carnaval!!!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

As cadeiras de rodas dos sonhos

Não é uma coisa normal o cara ter 'cadeira de rodas' dos sonhos, mas na mamulengolândia (ou matrix) isso é aceitável. Como diz o ditado, 'tá no inferno, abraça o capeta', portanto listo aqui as cadeiras mais engraçadas e interessantes que encontrei na Internet. Gostei de ver quantas opções achei, curto muito essas atitudes de fazer comédia mesmo com o infortúnio, ou o politicamente incorreto. Creio que fazer piada, rir, se divertir, compartilhar com os outros coisas engraçadas, são algumas das diversas formas de ser feliz.
Vamos às cadeiras! A primeiríssima, principalmente pra mim, que sou um ex-trilheiro, é essa 4x4 que tem quatro motores, um pra cada roda, e ainda esses rodões pra encarar qualquer terreno. Suja de lama então, me deixou até babando, um show de cadeira!!
Em segundo lugar, na mesma linha 'todo terreno', essa cadeira com esteiras, que deve subir até parede! Na sequência outra com esteiras que mais parece um tanque de guerra. Só faltou o canhão (mas é só botar uma mulher bem feia em cima).
A cadeira seguinte, com uma simpática 'bolha' que protege da chuva, tem o nome de Superfour e é fabricada na Alemanha pela Ottobock, é quatro por quatro, tem farol, retrovisor e até pisca-pisca! Veja um vídeo aqui.
A próxima também encara terrenos acidentados, apesar de não ser motorizada, e foi concebida pelo designer Mike Spindle, que desenha carros de Fórmula 1. Esta versão de cadeira de rodas trocou o velho chassis tubular por um quadro com assento em fibra de carbono. Veja mais clicando aqui.
Falando em F1, para os apaixonados por velocidade, ou os que querem acabar de se estrupiar de vez, as cadeiras de rodas mais velozes do mundo! Ao estilo F1 essa belíssima cadeira turbinada, ou melhor, movida a turbina, que conta ainda com aerofólio e rodas de competição.
Para os que curtem queimar asfalto nas ruas, essa imponente cadeira V8, com coletor de ar e duplo escapamento, deixa qualquer esportivo comendo poeira.
Pra fechar uma cadeira futurista desenvolvida pela Toyota, chamada i-real, nome bem adequado, pois parece uma coisa irreal mesmo. Veja mais informações aqui.
Agora você já pode matar sua sede de lama ou velocidade e sair por aí curtindo a vontade!

domingo, 19 de abril de 2009

Vamos tomar uma, mamulengos!!

Desde que fiquei paraplégico passei a perceber mais os locais que cadeirantes frequentam. Antes disso, eu era muito boêmio, adorava sair, no mínimo de quinta a domingo, eu sempre descolava bons programas e tinha muitos amigos. Atualmente, nos dias em que a dor intensa que sinto melhora um pouco, já tô na rua. E muito raramente vejo cadeirantes nos botecos, cinemas, teatros e restaurantes. Nos shopings é mais comum, tem estacionamento próprio, acesso em (quase) todas as lojas e praça de alimentação ampla, mas convenhamos que não é um programa 'noturno'. Tentei analisar o porque de não encontrar cadeirantes na noite, e tracei algumas possibilidades. A primeira delas, acredito, é a vergonha de sair em uma cadeira de rodas, dando trabalho pra todo mundo, arredando mesas e incomodando os outros. Outra, devem achar que é difícil encontrar bares com adaptação, geralmente tem mesas apertadas e escadas na entrada. E também tem o problema do banheiro, se não há nem entrada boa, muito menos banheiro.
Estas hipóteses tem fundamento, mesmo nos botecos em que consigo entrar numa boa, o banheiro é sempre um problema. Principalmente na hora de tomar umas geladas, quando a vontade de mijar vira uma constante. 
Mas, se tem uma coisa que sou, é persistente. Busco alternativas de todas as formas para fazer o que quero. Encontrei nesta busca uma solução pra urina que, se eu tivesse encontrado antes, quando era 'normal', teria comprado também. É o coletor de perna, basta colocar na canela preso por elásticos e colocar um coletor com camisinha para poder urinar à vontade (pelo menos até o limite da capacidade, que pode ser até um litro).
Este 'aparato', mesmo pra quem não é 'quebrado', é ótimo, o usuário não precisa sair no melhor do papo ou no meio da piada para dar aquela mijada, é só ir uma vez ao banheiro pra esvaziar antes de ir embora e pegar o carr... digo, chamar um táxi. É, também já dirigi bêbado, mas eu morava em Viçosa, cidade pequena, não tinha lei seca e eu era 'responsável', não saía fazendo caca (apesar de ter um Uno 1.5R). Era um cachaceiro de responsa. E dou o maior valor à lei seca.
Lembrei de uma coisa que eu sempre falo quando tô tomando uma e vou dirigir depois: mesmo se algum guarda me parar, se ele não tiver bafômetro, não tenho como fazer o quatro, nem andar em cima da linha. É só não falar enrolado e dizer que o carro é minha cadeira motorizada... (brincadeira heim, levem a sério não).
Mas os cadeirantes devem mesmo perder o 'preconceito interno' e sair como todo mundo, ninguém se importa em dar passagem ou ajudar naqueles lances de escada (pelo menos aqui em Minas). É recomendável ligar antes pro lugar pra saber se tem acesso, na entrada e no banheiro, e mesmo quando não tem, dependendo do número e largura dos degrais (quase saiu degraus) dá pra encarar numa boa. E vamos tomar uma!!
Ps: adorei a idéia do boteco lá em cima, isso que é atitude de inclusão! Mesa só pra mamulengo! Alguém sabe onde é aquilo?

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Dez vantagens de ser cadeirante e ficar com uma "andante"

No post anterior vimos os motivos para ficar com um cadeirante, agora analisaremos as vantagens que um cadeirante tem namorando uma 'andante'. Não é pra abusar, mas tem coisa que só nesse caso elas fazem, e nós temos esse 'privilégio'. Mas se elas resistirem, é só pedir com jeitinho... Afinal, elas também tem suas vantagens.

1º - Não precisamos fazer força pra tocar a cadeira, ela vai empurrando (já que mulher está acostumada a levar carrinho de supermercado);
2º - A mulher carrega as coisas mais pesadas (principalmente a cerveja);
3º - A mulher se esforça pra pegar coisas no alto e ainda temos uma visão privilegiada;
4º - Ela abre a porta do carro, do elevador, de casa, e até do motel;
5º - Você pode pedir sempre pra ela fazer massagem alegando dores no corpo;
6º - Ela sempre calça seus sapatos, meias, cuecas, e o mais importante, ela também tira tudo;
7º - Sempre que ela estiver de pé e você for abraçá-la, vai dar de cara com uma coisa macia, confortável, gostosa...;
8º - É fácil puxá-la para cair no seu colo (e ainda pode descer uma ladeira pra ela se divertir);
9º - Ela prepara seu café e traz na cama todo dia;
10º - Você não precisará se esforçar para carregar a noiva na noite de lua de mel. Bom é se ela fizer uma academia antes pra poder carregar você!

domingo, 12 de abril de 2009

Dez motivos para ficar com um cadeirante

Tem gente que tem preconceito, tem gente que tem curiosidade, e tem até quem tem o fetiche de ficar com deficiente, o tal de devotee (é mole?). Mas não é nenhum bicho de sete cabeças, só de duas. É só esquecer esse negócio de deficiente e ver a pessoa como ela é. Mas para aquelas que ainda tem algum receio, vou listar alguns motivos para ficar, namorar ou transar com um cadeirante.

1º - Quando você estiver cançada, é só sentar no colinho enquanto todo mundo fica de pé;
2º - Pode carregar sua bolsa, blusa, sacolas, e pode servir até como carrinho de supermercado (algumas cadeiras tem até a cestinha);
3º - As mãos ficam numa altura estratégica, conforme a mão direita (não) pode ser vista na foto abaixo;
4º - A boca fica numa altura muuuito estratégica;
5º - O 69 fica bem mais desafiante, emocionante e divertido;
6º - Ele não vai ficar pedindo para ficar por cima;
7º - Ele nunca vai atrapalhar sua visão em um show lotado, e você ainda pode subir em cima dele e utilizá-lo como plataforma (serve também para alcançar lugares altos);
8º - Ele nunca te pegará em flagrante, quando ouvir a cadeira de rodas chegando em casa dá tempo para o Ricardão pular a janela;

9º - Ele jamais vai te dar um pé na bunda;
10º (e mais importante) - Ele não vai (nem pode) correr atrás de mulher.
Portanto, é só ver o lado bom da coisa e sair por aí com seu mamolengo preferido!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Mamulengolândia

"- É a maior concentração de gente quebrada, mal acabada e faltando pedaço da américa latina!"
Foi meu primeiro comentário ao chegar na Reatech 2009, em São Paulo.
"- Putaquiupariu, nunca vi tanto "mamulengomóvel" junto!"
Foi minha expressão ao chegar no estacionamento e ver aquela proliferação de adesivos de deficiente nos carros. Tinha de Fusca a Pajero, de Honda Biz (isso mesmo, uma Honda Biz de três rodas e adaptada) a Ford Fusion.
Entrando no evento, mais uma visão incrível, congestionamento e fila de cadeira de rodas, saindo e entrando. Foda foi não poder usar a máxima "sai da frente aí, tenho preferência" que nós mamulengos tanto gostamos. Até fiquei com vontade de gritar isso só de sacanagem, pra ver a cara do povo, mas fiquei com medo de levar uma muletada na orêia.
Se a mamulengolândia, ou matrix, tem uma capital, é a Reatech. Impressionante a quantidade de mamulengos e as tecnologias disponíveis para tornar a vida desse nosso povo menos ordinária.
Bem no meio da feira, o bizarro monumento acima, simbolizando os quebrados desse Brasil. Não sei porque me pareceu um veículo de guerra, um tanque-cadeira-de-rodas para colocarmos no front da batalha final para conquistar o mundo.
Passeando calmamente pela feira eis que surge uma cadeira de rodas a mil por hora, passando a centímetros da minha. Na hora lembrei de uma gíria da roça, quando presenciam algo horrível dizem: mais feio que tromabada de charrete. Não deve ser uma coisa bonita de se ver, cavalo pra um lado, pedaço de charrete pra outro, gente no meio daquilo. Mas deve ser ainda mais feio trombada de cadeira de rodas. Ainda mais em alta velocidade. As cadeiras se enroscando, mamulengo batendo em mamulengo, pernas sem controle enroscando, aquela visão do inferno! Deve ser que nem aqueles bonecos de teste de batida de carro, os dummies, sem cinto de segurança. Pé batendo em cabeça, joelho na boca do stromago, cutuvelada nas costela.
Pra ter uma idéia, olha só como fica o símbolo universal dos mamulengo:
Crê em Deus pai. Me livra de uma dessa!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Placas pra deficiente ridículas

Já vi muita placa estranha, mas essa aí de cima bate o recorde. O que significa? "Empurre velozmente o cadeirante ladeira abaixo para alimentar o jacaré?" Ou "não solte o cadeirante na descida senão o jacaré pega?" Cada um que me aparece. Vejamos outros exemplos.
Essa deve ser "se quer se livrar do cadeirante jogue-o na água" ou então "não adianta jogar na água porque aqui é raso".
Ah, essa é fácil. Suba as escadas andando ou na cadeira de rodas. Nem pergunte como, a placa é enfática, se vira!
Essa é sacanagem. Se quiser ir ao banheiro, fudeu. Até tem banheiro adaptado, mas tem que descer as escadas. Me mijei de rir.
Essa é bem intencionada, mas acho que os deficientes visuais não vão "ver" com bons olhos.
Pra fechar, uma placa muito boa, que define bem a condição dos "espertinhos" que adoram utilizar as vagas pra deficiente.
Uma coletânea de placas engraçadas: