quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Amigo pá caralho (3)


Não se enganem com a beca que o rapaz aí está usando, o evento foi o casamento dele, no qual fui padrinho. Eu tinha que conferir um acontecimento desses. O cara é um parceiraço, mais um que estudou em Viçosa e virou dinossauro por muito tempo depois da formatura. E como os dinossauros se unem, estávamos em tudo quanto é festa e boteco. Como muitos em Viçosa, ele pegou o apelido da terra natal: Colatina. Mas eu chamava ele de Cola-boy, pois tinha um lado meio playboy, tinha um Gol bola todo bacana e depois um Golf preto. Cola-boy era tão maluco que andava com um controle remoto e um cardápio dentro do carro. Se uma mulher começasse a falar demais, ele apertava o 'mute' nela. Ou ficava tentando trocar de canal, pra ver se a tagarela desconfiava. Se não desse certo ele mandava o cardápio e pedia pra ela escolher um sanduíche. A gente se divertia pra caramba nas saídas de carro, ainda mais depois que eu comprei o Palio preto, era só ver dois carros pretos voando por Viçosa pra saber que ia rolar bagunça em algum lugar.
Comecei a andar mais com Colá depois que me mudei pra uma república que ele tinha acabado de sair, e estava aflorando nele (coisa mais gay) o lado esportista, aí combinamos de fazer trilhas de bike. Numa delas Colá ficou pra trás na volta, vindo pela estrada já anoitecendo, e quando chegamos a Viçosa esperamos, esperamos e nada do cara. Fomos pra um boteco recuperar a energia gasta (e pra manter as gordurinhas em dia) e de repente chega a notícia que Colá tava no hospital. Fomos lá acudir o cara e ele estava tão confuso que não lembrava o nome nem onde morava, rolou uma amnésia. Até hoje nem ele sabe direito o que aconteceu. As más línguas dizem que o evento deixou ele mais perturbado ainda.
Depois de um tempo, eu trabalhando e Colá recebendo bolsa de mestrado, aumentamos o nível da nossa trilha. Saíamos lá pelas nove da manhã no fim de semana e depois de umas três ou quatro horas de trilha a gente ia pra uma churrascaria de Viçosa, pedia picanha argentina e um balde de gelo cheio de Cerveja Bohemia. Quer coisa melhor? A cerva descia que nem água. Pensando bem, melhor que água.
Mas um dos rocks mais divertidos que fizemos foi num carnaval em Teixeiras, uma roça, digo, cidadezinha perto de Viçosa. Eu, como sempre, dei um perdido na namorada e fomos pra lá. Colá tinha um chápeu que imitava uma camisinha (que nem o da foto abaixo) e levou pra dar uma zoada. Começamos a abordar a mulherada dizendo que estávamos fazendo uma campanha para uso da camisinha no carnaval, e que Colá era o mascote da campanha, o homem-camisinha. Depois das risadinhas das meninas oferecíamos um serviço de utilidade pública e sem más intenções: demonstrações gratuitas do uso da camisinha, com test-drive e tudo. E nem cobrávamos nada.

Como eu vivia trocando de namorada, mas sempre namorando, todas odiavam o Colá, pois de vez em quando ele me ligava e eu tinha que acudir o amigo, que estava com um grande problema pra resolver. Geralmente o problema era uma festa cheia de mulher ou alguma amiga segurando vela precisando de companhia. O que que a gente não faz pelos amigos...
Colá é ainda um puta amigo meu, estive com ele em Vitória no final do ano passado. É daqueles caras que a gente fica um tempão sem encontrar e quando encontra racha de rir das velhas histórias e deixa a mulher brava por causa da mulherada envolvida. Depois tem que fazer média pra amansar a fera.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Amigo pá caralho (2)


Outro cara amigaço desde a época de faculdade é o companheiro de gole da foto acima. Naquele momento estávamos em Blumenau na Oktoberfest e esse foi nosso café da manhã: chopp de graça (com muita espuma). Fabrício é de Viçosa, e também fez administração. Daí já podem tirar que o povo da adm é tudo doido. Assino embaixo. Em Viçosa compomos por um bom tempo um trio parada dura, junto com Tupã, outro nativo de Viçosa. Estávamos em todas as festas, viagens, botecos, casamentos, velórios, batizados, onde tivesse uma aglomeração (leia-se mulher) a gente tava dentro. Certa vez fomos pra Poços de Caldas num encontro de estudantes e ele entrou numa muvuca que viu em um prédio e de repente percebeu que era um velório na Câmara Municipal. Mas tinha cerveja. E mulher.
Quando o trio foi pra Oktoberfest, descobrimos que o cara também é ninja. Ficávamos juntos bolando estratégias de ataque, eu virava pro Tupã pra falar alguma coisa, e quando íamos perguntar pro Fabrício, ele tinha sumido. Do nada. A gente procurava, procurava (e olha que somos altos) e nada do rapaz. Quando a gente desistia, olhava pro lado... e lá estava o cara, aparecia do nada. Dava até susto.
Feibs, como eu sempre o chamei, é muito inteligente e estudioso, e por isso mesmo, meio perturbado. Mas o que eu admirava na época de faculdade é que o cara estava sempre nas festas e botecos e mesmo assim tirava notão em todas as matérias. E sempre foi divertidíssimo sair com ele, sempre dava alguma pala. Dotado de uma incrível falta de sequência, ele viaja a cada cinco segundos. Começa a falar uma coisa, muda de assunto no meio, responde uma pergunta que vc fez há cinco dias, e depois volta pro assunto original. É uma comédia.
Em uma festa à fantasia no ginásio da UFV ele resolveu pegar o caldeirão que uma garota tinha feito de cartolina pra fantasia de bruxa, colocou na cabeça e saiu rodando pelo salão. Rodando e trombando, como não tava vendo nada derrubou umas quinze pessoas. E eu atrás dele, pra evitar uma confusão maior, já que ele trombava em casais e os caras ficavam meio putos, até que consegui tirar o caldeirão da cabeça dele. Ele sempre era desorientado nas festas, sóbrio ele já é doido, imagina bebendo.
Em outra festa no ginásio, Feibs já chegou pra lá de Bagdá. Entramos, rodamos, azaramos, e como sempre Feibs sumiu de uma hora pra outra. No dia seguinte, ele chegou bravo pra gente: "pô, sacanagem, deixaram eu dormir no carro e nem me chamaram pra entrar na festa." Todo mundo se olhou assustado e tentamos explicar pro rapaz que ele tinha entrado, ficou uma meia hora e desapareceu. E ele: "ah, qualé, quando cheguei na festa resolvi dar um tempo no carro e acordei lá pelas quatro da manhã!" E não adiantava tentar explicar que ele tinha entrado, já tava puto da vida porque não aproveitou a festa, e a culpa era nossa. Pelo menos não foi dirigindo pra casa chapado, curou depois de quatro horas de sono.
Nessa foto aí debaixo estou brindando com ele a esposa. É, ele conseguiu alguém pra tomar conta dele, esse menino solto por aí é um perigo. Pelo menos ela se diverte muito com as maluquices dele.

Apesar de atleticano, é um cara muito bacana, do bem, e amigo pra caramba. Apesar de atleticano, é um dos caras que mais me orgulho de ser amigo. Apesar de atleticano, é bem humorado, animado e continua muito engraçado. Mas tinha que ser atleticano...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Amigo pá caralho (1)


Inspirado no post anterior vou prestar uma homenagem aos caras que considero amigos pá caralho. Não tem ordem de mais amigo ou menos amigo, vou listar os que derem na telha. Mesmo porque amigo meu não tem essa viadagem de amiguinho do coração, é tudo chegado do mesmo tanto.
O rapaz alegre à direita da foto acima é o Tangão, vulgo Daniel, parceiraço desde nem sei quando. Ele também formou em administração em Viçosa, era da turma de 94, dois anos depois da minha. Sempre nos esbarrávamos nas festas e bares mas ficamos mais amigos depois da formatura, afinal éramos dinossauros assumidos de Viçosa. Quem fica em Viçosa depois da formatura sente a diferença em relação à época de estudante. Nos primeiros anos nem tanto, mas depois do quarto ano já não conhecemos muita gente da universidade. Aí é que os dinossauros se unem, saem à caça para cercar as vítimas de um lado enquanto o outro ataca do outro. No final conseguíamos sair com alguns pedaços de carne na boca. Literalmente.
Eu e Tangão temos história pra caramba. Já fizemos altas parcerias com mulher, pegando irmãs, primas, colegas e até inimigas. Sempre me lembro das nossas viagens de carro de Viçosa para BH. Saíamos de Viçosa sexta à noite ou sábado depois do almoço e a viagem durava umas quatro ou cinco horas (normalmente não chegava a três). O "problema" é que íamos parando nas cidades do caminho para tomar umas, jogar sinuca ou azarar umas gatinhas em uma festa que estivesse rolando (a foto acima é numa dessas, em Ouro Preto). Numa dessas secamos uma garrafa de Vodka Lemon (se me lembro bem). Mas não era coisa de ficar chapado, tínhamos responsabilidade e um fígado poderoso que não deixava a cachaça subir.
Mas engraçado mesmo foi quando levamos um filhote de Labrador para a irmã de um amigo nosso. O cachorro era preto e o carro do Daniel na época era uma picape Fiat. Nesse dia viajamos à noite, saímos de Viçosa umas seis e meia da tarde e pegamos estrada. Coloquei o cachorro nos meu pés e fiquei de olho nele. Paramos pra tomar uma e deixamos o cachorrinho lá. Voltamos e já estava escuro. Chegando em Mariana, tava rolando a maior festa na rodoviária (a rodoviária de lá é bacana, não é coisa xula não). Pensei em levar o cachorro pra dar uma volta na grama, fazer necessidades, sei lá. Fui pegar, e cadê o bicho? Ligamos as luzes internas, procurei o bicho no chão, embaixo do meu banco e nada. Não era possível, em uma cabine de picape o bicho sumir. Olhamos atrás dos bancos e nada. Só faltava embaixo do banco do Daniel, e lá estava o bichinho, todo encolhido.
Peguei ele e levei pra grama perto dos banheiros químicos. Resolvi aliviar a bexiga e fiquei com a porta meio aberta vigiando o neguinho. Foi só me virar pra fechar o zíper e ele sumiu. Procurei atrás dos banheiros, na frente e nada. Mais uma vez o malandro se escondeu, desta vez entre dois banheiros. Peguei e percebi que ele tinha feito um cocozinho na grama. Ficamos um tempo lá, curtimos a festa e fomos embora. Mas no caminho, um puta fedor de cocô. Achei que o bichinho tinha pisado e paramos pra limpar. Pegamos uns jornais que tinha no carro e realmente ele tinha um pouquinho nas patas. Limpamos e relimpamos e voltamos pra estrada. Mas o cheiro de cocô continuava forte. Tivemos que parar de novo e descobrimos o culpado: eu tinha pisado no cocô também e meu sapato tava todo borrado. Limpei o pé mas o cheiro já tinha impregnado a cabine. Resultado, fomos até BH com as janelas totalmente abertas, num frio danado, mas colocando a cabeça pra fora. Chegamos lá que nem picolé. Foi a entrega mais catinguenta que já fiz.

Daniel é um grande parceiro até hoje, não dá mais pra sairmos juntos atrás da mulherada (tô enforcado, digo, casado) mas ainda somos amigos pá caralho!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

As diferenças entre um 'simples amigo', um 'amigo de verdade' e um 'amigo pá caralho'

. Um simples amigo traz uma garrafa de vinho para sua festa.
. Um amigo de verdade chega cedo, ajuda a cozinhar e fica até mais tarde para te ajudar a limpar.
. Um amigo pá caralho não faz nada disso, e ainda bebe todas na sua festa, vomita no tapete da sua mãe e dorme atrás do sofá até segunda-feira pela manhã, quando a empregada o encontra.

. Um simples amigo odeia quando você liga depois que ele já se deitou.
. Um amigo de verdade pergunta por que você demorou tanto para ligar.
. Um amigo pá caralho pergunta se você tá virando viado prá ligar aquela hora, te manda dormir e tomar no cú e fala para você ir curar tuas mágoas com cachaça.
 
. Um simples amigo procura você para conversar sobre seus próprios problemas.
. Um amigo de verdade procura você para te ajudar com os teus problemas.
. Um amigo pá-caralho procura você, te ajuda com os teus problemas e ainda te leva pra gandaia e paga todas.

. Um simples amigo, ao visitá-lo, age como uma visita.
. Um amigo de verdade abre a geladeira e serve-se sozinho.
. Um amigo pá caralho abre a geladeira, serve-se sozinho e ainda reclama que só tem Kaiser.

. Um simples amigo pensa que a amizade acabou depois de uma discussão.
. Um amigo de verdade sabe que não é amizade enquanto não teve a primeira briga.
. Um amigo pá caralho xinga você, chuta o seu cachorro e risca teu carro, mas tá tudo bem.

. Um simples amigo espera que você esteja sempre lá para ele.
. Um amigo de verdade espera sempre estar lá pra você.
. Um amigo pá caralho te espera duas horas no bar até ficar revoltado, vai até a sua casa, xinga você, chuta o seu cachorro e risca seu carro.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Rá!


Esses dias me deparei com mais uma vantagem em ser cadeirante: quando vemos essa placa aí de cima podemos rodar, virar, girar e até empinar que não escorregamos! Claro que os pneus devem estar novos, se estiverem carecas o caboclo só para na parede.
E o pior é que ninguém respeita essa placa, todo mundo passa do lado achando que "é só ficar firme" e aí neguinho se estabefa no chão. Nós cadeirantes só podemos ter uma reação diante disso: Rá! Comigo não, violão!