Putz, dá até vergonha colocar o ano ali em cima, parece que já sou um coroa, um tiozão que curtiu as melhores festas há mais de uma década, quase uma década e meia. Não tá longe da verdade não, a década de 90 foi a que mais curti, não tinha limite pra festa, viagem, acampamento, ou qualquer bagunça acompanhado ou não. Não tinha tempo ruim, não ligava para acomodações, bastava ter um colchão pra cochilar e um banheiro básico para as necessidades e, talvez, um banho (porquinho, heim).
Em 1995, com apenas 22 anos, realizei o sonho de ir a Blumenau pra ficar uma semana na Oktoberfest, a segunda maior festa da cerveja do mundo, perdendo apenas para a Oktoberfest da Alemanha. Juntei meus melhores amigos e companheiros de gole na época, Tupã e Fabrício, pedi o carango emprestado pro meu pai e planejamos a viagem. Como estudantes duros que éramos, decidimos levar barraca e procurar um camping. Conseguimos uma barraca emprestada, e o dono garantiu que dava pra duas pessoas numa boa. Combinamos que quem chegasse mais bêbado dormiria no carro.
Jogamos as mochilas e colchonetes no porta malas e caímos na estrada. Como não tínhamos pressa dividimos em dois dias os 1300 km. Fomos curtindo o visual e mexendo com a mulherada nas cidades onde passamos. Escureceu e paramos em Bragança Paulista. Descolamos um hotelzinho de primeira, classificado internacionalmente com meia estrela, muito bem decorado com teias de aranha, insetos e roedores. Fomos pra baladinha da cidade, azaramos algumas e Tupã resolveu tentar a sorte grande na mais gatinha do lugar. Chegou no grupinho, foi triplamente esnobado e voltou com a esfarrapadíssima desculpa: "acho que ela é surda, falei e ela não respondeu, a amiga dela falou que ela tem problema". Nós concordamos, o problema dela é não dar idéia pra neguim que se acha.
Saímos no dia seguinte de manhã e no meio da tarde chegamos a Blumenau. A cidade é linda, estava super movimentada por causa da festa, cheia de mulher bonita. Procuramos um camping e descobrimos o Camping Clube do Brasil, bem perto do centro, uma grande área gramada, restaurante e bons banheiros. Montamos a barraca e descobrimos que ela servia pra no máximo uma pessoa e meia. Sem problemas, fomos para o pavilhão da festa. Pra esquentar mandamos meia garrafa de whisky pra dentro. Entramos e nos impressionamos com o tamanho e a organização do evento, as roupas típicas e a quantidade de gente. Nos sete dias que passamos lá o lugar estava lotado de gente chapada e não saiu nem uma briga. Só no sul mesmo.
O chopp era servido em copo de 550ml, quase uma cerveja inteira. Tomamos alguns e iniciamos a caça. Já prevendo que íamos nos separar combinamos de encontrar na saída lá pelas quatro da matina. Deu a hora e encontrei com o Fabrício na porta, mas nada do Tupã. Quatro e meia e nada. Quinze pras cinco, resolvemos ir embora, preocupados porque ele era o mais chapado na entrada, imagina na hora de ir embora. Pior que o carro estava num lugar distante, numa ruazinha difícil de achar. Demos algumas voltas e encontramos o carro, e qual foi a surpresa ao perceber que havia uma figura dormindo no capô, ninguém menos que Tupã. Até hoje não sabemos como o cara achou o carro.
Dormimos apertados na barraca e Tupã no carro. No dia seguinte, acordamos lá pelas onze da manhã e fomos procurar café da manhã. Chegando ao centro, bela surpresa, aquele calhambeque da primeira foto rodava pela cidade com uns alemães tocando músicas típicas na caçamba e distribuindo chope de graça. Ótimo café da manhã, bem no estilo "mantenha-se bêbado para não ter ressaca."
Fomos revelar o primeiro filme de fotos e descobrimos que na máquina do Fabrício tinha umas fotos daquelas "mico do ano", em que ele beijava uma, digamos, tiazinha (pra não dizer vovozinha) em uma noite totalmente "fora do ar" em BH. Peguei a foto e saí correndo da loja, e ele atrás de mim. Atravessei a rua e desci pro rio que corta a cidade. Chegando lá em baixo ele conseguiu pegar a foto e jogou depressa no rio. Como vi que ela ficou na beirada, corri e peguei de novo. Ficamos nessa até ele finalmente conseguir se livrar da prova documental. Nesse meio tempo, Tupã que não é besta e estava com os negativos, mandou fazer mais dez cópias da foto.
À noite fomos pro pavilhão e colocamos as fotos em locais discretos, como a portaria, um painel com informações da festa, a bilheteria e ainda distribuímos em alguns grupinhos, torrando completamente o filme do rapaz. Antes que ele apelasse feio deixamos as três últimas cópias pro dia seguinte.
No fim da noite, mesmo esquema, tomamos todas, conhecemos umas quinhentas pessoas e voltamos pro camping de madrugada, desta vez Fabrício era o mais mamado, dormiu no carro. No dia seguinte acordamos cheios de dor, meio tortos, e ao chegar no carro, tava o Fabrício dormindo no banco de trás com o sol na cabeça, a orelha até vermelha de sol, e o cara desmaiado. Resolvemos ir ao shopping comprar uma barraca nova, aí chutamos o balde, pegamos logo uma pra cinco pessoas. A noite seguinte parecia em hotel cinco estrelas...
Tenho mais umas dez histórias dessa viagem, que marcou pro resto da vida como "a" viagem de curtição.
PS: o cara das fotos engraçadas é o Tupã.
Nenhum comentário:
Postar um comentário