Desde que fiquei paraplégico passei a perceber mais os locais que cadeirantes frequentam. Antes disso, eu era muito boêmio, adorava sair, no mínimo de quinta a domingo, eu sempre descolava bons programas e tinha muitos amigos. Atualmente, nos dias em que a dor intensa que sinto melhora um pouco, já tô na rua. E muito raramente vejo cadeirantes nos botecos, cinemas, teatros e restaurantes. Nos shopings é mais comum, tem estacionamento próprio, acesso em (quase) todas as lojas e praça de alimentação ampla, mas convenhamos que não é um programa 'noturno'. Tentei analisar o porque de não encontrar cadeirantes na noite, e tracei algumas possibilidades. A primeira delas, acredito, é a vergonha de sair em uma cadeira de rodas, dando trabalho pra todo mundo, arredando mesas e incomodando os outros. Outra, devem achar que é difícil encontrar bares com adaptação, geralmente tem mesas apertadas e escadas na entrada. E também tem o problema do banheiro, se não há nem entrada boa, muito menos banheiro.
Estas hipóteses tem fundamento, mesmo nos botecos em que consigo entrar numa boa, o banheiro é sempre um problema. Principalmente na hora de tomar umas geladas, quando a vontade de mijar vira uma constante.
Mas, se tem uma coisa que sou, é persistente. Busco alternativas de todas as formas para fazer o que quero. Encontrei nesta busca uma solução pra urina que, se eu tivesse encontrado antes, quando era 'normal', teria comprado também. É o coletor de perna, basta colocar na canela preso por elásticos e colocar um coletor com camisinha para poder urinar à vontade (pelo menos até o limite da capacidade, que pode ser até um litro).
Este 'aparato', mesmo pra quem não é 'quebrado', é ótimo, o usuário não precisa sair no melhor do papo ou no meio da piada para dar aquela mijada, é só ir uma vez ao banheiro pra esvaziar antes de ir embora e pegar o carr... digo, chamar um táxi. É, também já dirigi bêbado, mas eu morava em Viçosa, cidade pequena, não tinha lei seca e eu era 'responsável', não saía fazendo caca (apesar de ter um Uno 1.5R). Era um cachaceiro de responsa. E dou o maior valor à lei seca.
Lembrei de uma coisa que eu sempre falo quando tô tomando uma e vou dirigir depois: mesmo se algum guarda me parar, se ele não tiver bafômetro, não tenho como fazer o quatro, nem andar em cima da linha. É só não falar enrolado e dizer que o carro é minha cadeira motorizada... (brincadeira heim, levem a sério não).
Mas os cadeirantes devem mesmo perder o 'preconceito interno' e sair como todo mundo, ninguém se importa em dar passagem ou ajudar naqueles lances de escada (pelo menos aqui em Minas). É recomendável ligar antes pro lugar pra saber se tem acesso, na entrada e no banheiro, e mesmo quando não tem, dependendo do número e largura dos degrais (quase saiu degraus) dá pra encarar numa boa. E vamos tomar uma!!
Ps: adorei a idéia do boteco lá em cima, isso que é atitude de inclusão! Mesa só pra mamulengo! Alguém sabe onde é aquilo?
Acho que sair à noite é importante pra td mundo pq à noite as coisas fervem...quanto a bebida é sempre melhor a moderação.
ResponderExcluirSam, tbm sou adepto da bolsinha de perna. Quanto mais vc for ao banheiro, menos tempo tem para beber, não é?
ResponderExcluirJá em churrascos em casas de amigos, "conecto" a bolsinha direto em um balde de 30ltrs.
Vamo, que isso tudo é uma festa!!