sexta-feira, 24 de abril de 2009

Causos pré-lesão: navio (furado) de carnaval

Vou começar aqui uma série de causos (engraçados, interessantes ou ridículos) da minha vida pré-lesão medular (da época em que eu era só meio lesado). A primeira história que compartilho é a de um cruzeiro de navio que fiz no carnaval de 2006, com minha família.
Um belo dia minha mãe me liga dizendo que está fechando um cruzeiro de navio de 7 dias pra Buenos Aires e que o terceiro passageiro sairia por apenas 500 reais, e ainda o quarto sairia de graça. E que meu irmão já tinha fechado como terceiro passageiro, sobrando pra mim a vaga gratuita. 
Maravilha, mas dois probleminhas: ia pegar o carnaval todo e eu não poderia levar minha namorada. Felizmente o primeiro, 'infelizmente' o segundo. Mas eu não podia perder uma chance daquelas, afinal nunca tinha feito cruzeiro. E ainda daria um 'tumé' na namorada bem no carnaval (namoro de mais de um ano).
Fui amaciar a fera. Argumento pra cá, argumento pra lá, vou com a família, vou ficar pensando em você, é uma oportunidade imperdível, não conheço Buenos Aires, e por aí a fora vai. Resolvido com a namorada, era só planejar com meu brother as farras. Bagagem completa: sunga, short, bermuda, camiseta, chinelo, whisky 12 anos, vodca e limão (praticamente um bar portátil).
Chegando no navio, aquela empolgação: foto pra cá, foto pra lá, gente abobada com o tamanho do navio. Nem reparei muito no povo entrando. Na hora de entrar, depois daquela famosa escadinha com o nome do navio, a primeira má notícia: eles passam a bagagem no raio X. Não deu outra: bar portátil apreendido. Na volta eles devolvem. Bem, fazer o que, vamos comprar pinga lá dentro. 
Entramos na cabine, uma cama de casal e uma beliche, joga as malas nas camas e vambora pra piscina ver a mulherada. Elevador, pier no 12º andar (chique né?), saímos do elevador e... nunca vi tanta cabeça branca na minha vida. Nem tanta bengala e andador junto (até aquele momento, porque no Sarah em meia hora vi mais que o triplo). Que furada. Parecia até cruzeiro da terceira idade. Aí os animais fizeram as contas: carnaval, cidades litorâneas lotadas, cruzeiro pra Salvador lotado, quem faz um cruzeiro pra Argentina no carnaval? A turma sexy. Sexagenários. Ô tristeza...
Vamo encher a cara então. Quanto é a latinha de Brahma? Dois dolar e sessenta. HEIM? Isso mesmo, se quiser é o preço. Bom, depois lamento a conta do cartão de crédito. Passamos a tarde tomando cerva na piscina e vendo aquele festival de pelanca. Pelo menos nunca fomos tão cantados na vida, sente as gírias idosas: "oi broto", "nossa, que pão", "vem com a vovó que te ponho no colo". Aquelas velhinhas solteironas ficaram todas serelepes. Pior foi na jacuzzi coletiva. Entrei e reparei uma velhinha toda recauchutada, cabelos loiros chapinhados, batom vermelho e sombra. Já é sinistro a maquiagem numa jacuzzi. Ela vira pra mim:
- É seu primeiro cruzeiro?
- É sim, respondi, imaginando que devia ser o 48º dela.
- Você vai gostar muito, tá cheio de gente solteira...
Essa hora eu quase soltei "e mais ainda de viúva, né". Mas fiquei quieto. A criatura vira e:
- Mais tarde tem show, você vai? Aparece lá no bailão, vou estar lá...
- Ah, tá bom... eu disse já saindo correndo da jacuzzi. Acho que ouvi um "já vai?" mas fingi que não era comigo.
Bem, pra não dizer que foi um fracasso total, tinha mais alguns grupos na nossa situação, fizemos amizade com três meninas também perdidas (uma delas vivia na cabine chamando o juca), pudemos compartilhar a decepção e demos boas risadas. Os animadores também eram excelentes, uma comédia (foto abaixo). Descobri depois no bar da piscina um húngaro que fazia caipirinha de kiwi, a US$ 2,20, era uma delícia! Foi o que mais bebi. E ainda conheci Buenos Aires, que, tirando os argentinos, é uma linda cidade.
No fim das contas, o cruzeiro foi uma ótima experiência, tanto que repetimos no reveillon do ano seguinte. Me impressionei com a diversidade de nacionalidades no navio, tinha indiano, romeno, tcheco (e tcheca também, bem que eu queria que tivesse mais dessa), árabe, italiano, uma verdadeira torre de babel. Ah, tinha uma garçonete, a Eva (acho que era húngara), que era uma simpatia só (foto seguinte, no meio) bati muito papo com ela. Mas fica o conselho: não vá de cruzeiro pra Argentina no carnaval!!!

Um comentário:

  1. Uhahahahaha,
    ate q a canoa nao tava tão furada assim. No final foram vários lugares legais, amizades e pessoas bondosas q conhecemos na vida...
    abraços,
    the turkish.

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