Eu considero a formatura da Universidade Federal de Viçosa um evento tão fundamental na vida de um "curtidor" quanto carnaval na Bahia, Oktoberfest em Blumenau e reveillon em Floripa (já fiz tudo isso, claro). É uma formatura sem igual no Brasil, já estive em formaturas de dezenas de faculdades, nenhuma se compara à de Viçosa.
Em primeiro lugar, porque formam todos os cursos juntos, em uma só comissão de formatura. No fim do ano chegam a formar mais de 500 alunos de uma vez. Cada um recebe cinco ou mais convites para o baile (depende da comissão e se o aluno aumenta sua cota). Façam as contas e imaginem a quantidade de gente que tem no baile. Mas não significa que é superlotado ou apertado, o baile hoje é feito em um espaço construído pela Universidade que deve caber facilmente umas quatro ou cinco mil pessoas.
É sempre muito bem organizado, as bandas contratadas são de altíssimo nível (às vezes até duas, revezando) e a decoração é um espetáculo. Os alunos ganham garrafas de whisky e costumam levar mais uma ou duas extras. Os familiares vão prestigiar (geralmente os primos mais loucos) e os amigos mais chegados também. Em resumo, a cidade ferve.
Tenho dezenas de histórias divertidas em bailes de formatura (fui a dezenas). A maioria delas envolve altas doses de whisky e mulherada, e eu sempre saía do baile de manhã (não é amanhecendo, é de manhã mesmo, 8, 9, até 10 da manhã). E eu tinha um péssimo hábito, na verdade era uma brincadeira, uma forma de falar que estive no baile: na saída eu pegava um "suvenir" pra levar pra casa. Já levei copo de licor, xícara, pires, copo de chopp pequeno, garfo, essas coisas. Mas eu não era cleptomaníaco, era só pra zuar no outro dia. E eu era estudante, minha república sempre precisava de um utensíliozinho a mais.
Mas uma vez exagerei. Foi o baile que saí mais tarde, ou melhor, cedo, era quase dez da manhã. Levei a namorada em casa e saí de novo pra tomar mais uma com meu irmão e um amigo. Fomos pra um boteco na rodoviária (que fim de carreira...) e decidimos voltar pro baile pra ver se ainda tinha alguém lá. Chegamos lá e só tinham os garçons e faxineiros limpando o local. Como tínhamos algumas latinhas no carro, pegamos três cadeiras para tomar as derradeiras (as saideiras já tínhamos tomado há tempos...).
Bebemos e na hora de ir embora, a brilhante idéia: abre o porta malas que vou levar uma cadeira. Meu irmão abriu, coloquei lá e fomos embora. Tá, não foi bonito, mas convenhamos, sempre tem um tanto a mais de tudo e os caras nem tinham tanto controle assim. Pode até ser que a comissão se responsabilizasse e pagasse o preju, mas na época o pessoal de comissão sempre levava um por fora. De qualquer forma, foi a última vez, depois virei gente grande e parei com essa besteira. Ah, e a cadeira está comigo até hoje! Olha ela aí:
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