sábado, 26 de setembro de 2009

Sampatão

Confesso que relutei muito antes de colocar essa foto aqui, apesar do contexto minimizar o mico, não deixa de ser a foto mais comprometedora que tenho. A mais bichosa, sem dúvida. Vamos ao contexto.
Cidade: Ouro Branco
Época: Início dos anos 80
Evento: matinê de Carnaval
Idade: entre 12 e 15 anos
Sou da época em que o carnaval do interior de Minas era o melhor do Brasil. Sério. Não tinha Salvador, Porto Seguro, Piúma, nada me faria deixar de passar o carnaval em Ouro Branco, cidade em que fui criado, na época tinha menos de 30 mil habitantes. E era mania nacional homem vestir-se de mulher no carnaval para brincar com os amigos e família. Ainda hoje tem muita gente que faz isso.
Pra se ter uma idéia, no carnaval tinha desfile de escola de samba, blocos atrás de trio elétrico, matinê no clube da cidade e carnaval de salão à noite e madrugada. Era bom demais. E neste bendito ano, não lembro exatamente qual, minha mãe e as vizinhas resolveram nos vestir de mulher pra matinê. Eu e mais uns dez amigos, fomos submetidos a sessões torturantes de prova de vestido, maquiagem e até peruca. Maaaaas, como éramos crianças, tudo era festa. Pra completar meu figurino, minha mãe colou um papel nas minhas costas com os dizeres: SAMPATÃO!
Mas fala sério, até que eu seria uma mulher arrumadinha... isso antes de chegar aos 1,95m e sapato 45, aí com certeza eu seria uma mulher desengonçada, ou uma drag queen espalhafatosa. Cruzes!!
Alguns anos depois, adolescente, comecei a frequentar as festas de salão. Tocavam aquelas marchinhas sem parar, o povo fazia trenzinho, rodinhas, casais se pegavam nos cantos, e quase todo mundo cheirava lança perfume. Em um desses anos, se não me engano o último em que passei lá, eu devia ter 17 anos, e eu e meus amigos resolvemos fabricar loló, o alternativo ao lança perfume, caro demais para nós na época. Fomos à farmácia que sabíamos que vendia e compramos o tal do clofórmio.
Fomos pra casa de um de nós cujos pais estavam fora e preparamos a mistura. Usamos halls, perfume de maça e outros sabores para dar um gostinho. E não é que funcionou? O loló ficou de primeira, o difícil foi parar de fazer as "provas" antes de colocar nos vidros de xarope e levar pra festa de carnaval. Neste dia tive uma grande sacada pra conquistar uma menina.
Levei uma meia branca novinha para cheirar o loló, e num determinado momento chamamos algumas meninas para ir até o carro experimentar o alucinógeno. Sentei no banco de trás com uma delas e meu amigo no da frente. Peguei minha meia branca e coloquei em uma ponta pra mim, na outra pra ela. Depois coloquei um pouco mais pro meio pra mim, mais pro meio pra ela... até chegar bem no meio da meia, aí mandei um beijo na boca da menina, que a esta altura não sabia qual era seu nome mais. E pra falar a verdade, nem eu lembro... Ah, os carnavais em Ouro Branco...

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