Tenho usado esse blog pra registrar algumas histórias antigas, vou então relembrar meus primeiros (e loucos) carnavais fora de casa, destacando alguns eventos:
- 92: aos 18 anos, primeiro canaval longe de casa - nem valia a pena sair de Ouro Branco, de tão bom que era, mas esse ano fui pra Ouro Preto com a namorada. Foi muito bom, fiquei na casa dos avós de um vizinho meu, bem na Rua Direita. No segundo dia de carnaval, combinei com Léo Maconha (sim, esse é o apelido dele - não é o Léo debaixo não) de encontrar na frete da casa às quatro da matina. Cheguei na hora, esperei meia hora e avistei ao longe um casal vindo em zigue-zague: Léo e uma maluca que ele conheceu não sabia onde. E ele:
- Cara, perdi a chave, não dá pra entrar agora não. Mas não esquenta, meus avós acordam lá pelas nove da manhã.
Ótimo, faltavam só quatro horas e meia. Subi a rua Direita me arrastando de sono até a praça Tiradentes e não acreditei no que vi: um hotel a céu aberto. Tinha pelo menos uns trinta colchonetes espalhados pelo chão e mais uma galera encostada nos cantos. Descolei um cantinho na macia pedra do monumento e dormi que nem criança até oito da manhã, quando acordei com a orelha vermelha de sol e a perna melada de cerveja. Ah, a adolescência...
Desci, encontrei o Léo ainda mais doido do que da primeira vez, e o que é incrível: ele perguntou pra uma varredora de rua que passava por ali e ela encontrou a chave! Entramos e tomamos café, depois deitei na cama mais macia do mundo.
- 93: primeiro carnaval muito longe de casa - em Porto Seguro. Combinei com um amigo de república que tinha alugado uma casa com amigos de Brasília e fui de busão pra terra do Axé. Peguei a época de passarela do álcool e timbalada, assisti um espetáculo de dança africana no Reggae Night com uma mulata com os peitos de fora, fui a Trancoso e vi um monte de mulher pelada e pela primeira vez na vida peguei três mulheres na mesma noite - estava no paraíso.
Detalhe da casa: eram dois quartos, um deles tinha uma cama de casal, outro tinha uma beliche e uma cama de solteiro. Detalhe dos amigos: dois carros vindos de Brasília: uma Brasília com quatro e um Passat com cinco, mais eu de busão. Dormiam três na sala de entrada e dois na sala de jantar, um com a cabeça na cozinha.
Um dos caras de Brasília, o Grilo, ficou mega chapado na passarela do álcool, começou a falar em espanhol (mesmo sem saber) e numa dessas passou uma morena de vestidinho listrado preto e branco. E o Grilo: - Que morenita listradita, parece uma Zebrita! E virou pra trás, estabacando no chão e apagando, só acordou meia hora depois.
Numa noite, Marcelo pegou uma mulher numa esquina e levou pra casa. Tinha uns três em casa, ele foi pro quarto e executou. Ela queria mais, outro partiu pra cima. Virou bagunça, mais um na fila. Chegou no quarto, ela virou pro cara e pediu: - deixa eu mudar de posição, minha perna tá dormente...
- 94: carnaval com amigos de Viçosa em Piúma num apartamento alugado a dois quarteirões da praia. Quantas pessoas? Nem sei, umas quinze ou vinte. Detalhe: eu tinha acabado de operar o ombro, o médico recomendou fortemente que eu não bebesse, que não ficasse sem camisa e que trocasse o curativo a cada doze horas. Tinha que usar tipóia o tempo todo.
Imaginem a cena: segundo dia de carnaval, você é uma morena linda, médica recém formada, veio de Vitória e está passando o primeiro carnaval mais tranquila depois de anos ralando na faculdade. Você está com amigas, e de repente nota uma figura se destacando na multidão, uma cara alto, sem camisa, com pontos à mostra no ombro, uma tipóia solta pendurada e uma garrafa de gatorade na mão. Curiosa, você fica olhando, afinal, é médica. O cara percebe e chega junto, querendo saber seu nome, de onde você é. Você responde educadamente e pergunta sobre os pontos e a tipóia. O maluco conta a história da operação e das recomendações médicas e oferece o gatorade. Antes de tomar você cheira e percebe que é uísque. Quando vai começar a dar bronca no sujeito ele ataca e começa a te beijar. Sem acreditar, tentando se afastar, você percebe que o ombro dele está bem fortinho. Bem, fazer o que, é carnaval! Deixa ele se estrupiar pra lá e vamos aproveitar também, afinal ele beija tãaaao bem!
- 95: em Cabo Frio com amigos de Ouro Branco, desta vez com o Léo do post abaixo. Se não me engano ficamos na casa da tia dele. Bem perto tinha outros amigos de OB e sempre encontrávamos perto do hotel Malibu, onde o pau quebrava.
O fato curioso deste é engraçado mas queimava o filme, os caras não tinham noção mesmo. Ficávamos quatro de um lado e quatro do outro, e aquela fila passando no meio da gente. De repente a gente via uma menina gata, com cara de metida, e começava a gritar em coro:
- Ohhhhhh!! Ohhhhh!! Ohhhhh!!!
Aí a menina já fazia uma cara de esnobe, mas dava uma risadinha cínica e quando ela chegava bem no meio a gente fechava a roda com ela no meio, completava o refrão rodando e gritando:
- Horrorosa, feia pra caralho! Horrorosa, feia pra caralho! Horrorosa, feia pra caralho!!
A menina faltava matar, tentava bater pra sair da roda, xingava tudo quanto é nome, e depois a gente liberava, mas rachava o bico de rir, era muito engraçado!
Tem muito mais história, em 96 fui pra Piúma de novo, levamos quatro frascos de lança perfume, rolou até fila de mulher pra experimentar o danado na praia, depois de pago o devido pedágio, claro. 97 passei em Marataízes, 98 em Piúma... por aí a fora vai. O fato é que sempre me diverti pra caramba!
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