quarta-feira, 27 de maio de 2009

O carro amarelo

Meu primeiro carro foi a realização de um sonho. Consegui comprá-lo depois de muita batalha como estagiário em Viçosa e uma batalha maior ainda pra não gastar a grana que eu juntei com festa. E meu pai deu aquela força também, o presente de formatura foi completar o valor do carro. Deixei com ele o que eu tinha disponível e ele descolou em BH um Uno 1.5R amarelo, carinhosamente apelidado de Uno 1.5Egg.
Era muito mais do que eu sonhava. O carro tinha ar condicionado, vidros elétricos, bancos confortáveis e um motor bem forte, apesar de ser fabricado na argentina. Este detalhe me rendeu boas horas procurando peça pro danado do motor argentino. Revirei quase todos as lojas de peças usadas (dá um desconto, eu era estudante) na avenida Pedro II, reduto deste mercado aqui em BH (e de alguns desmanches também).
Mas como eu me sentia feliz com o meu Egg! E como tenho história com ele. Foram mais de 40.000 km rodados, pra tudo quanto é canto do Brasil. Eu sempre curti acampar em parques nacionais, reservas florestais e cachoeiras maravilhosas. Em Minas fui em quase todos.
Em uma dessas aventuras fui conhecer o Parque Nacional da Serra da Canastra. Dá pouco mais de 300 km de Belo Horizonte, coloquei a barraca e as tralhas no carro e saí com a namorada lá pelas dez da manhã. Apesar de eu andar bem, gosto de ir parando nas cidadezinhas e curtindo o visual. Nesse ritmo acabou escurencendo justamente quando peguei a estrada de terra pro parque. Andamos, andamos, andamos e nada de chegar o parque. Eu já estava em dúvida se era o caminho certo, resolvi parar por ali pra continuar no dia seguinte. Vi uma descidinha que dava em uma clareira, parei o carro e montei a barraca ali mesmo. De tão cansados caímos no sono rapidinho.
Mas de manhã... de repente um barulho muito forte invadiu a barraca. Acordamos meio zonzos e ouvimos mais barulho ainda. Meio assustado, abri a porta da barraca e dei um pulo pra trás. Dei de cara com a cabeça gigante de uma vaca, que tentava comer a corda da porta da barraca. Dei uns berros pra bicha se afastar e quando saí da barraca estávamos cercados por um rebanho, já tinha uma vaca em cada corda e uma já estava mastigando um pedaço. Pra conseguir afastar todas foi uns dez minutos berrando. E a quantidade de cocô em volta? Tive que tirar uma estaca do meio da merda. São percalços de camping, mas eu sempre adorei acampar.
Depois que desmontei a barraca para continuar descobri que estava a menos de 10 km do parque. E como valeu a pena, a cachoeira que corta a serra tem mais de 200 metros, montei a barraca ao lado do rio e ficava ouvindo a noite toda o barulhinho da água. Não tem nada mais relaxante. E ainda conheci a nascente do rio São Francisco.
Outra coisa que eu curtia demais era festas em cidades do interior. Numa dessas fui com meu irmão e um colega de república na festa da cerveja em Divinópolis. Era junho e fazia um frio danado. Saímos do parque de exposições onde acontecia a festa, todo mundo meio mamado, e a precaução falou mais alto e resolvemos dormir por lá. Mas, dois probleminhas: os hotéis estavam cheios, o único que encontramos era além das nossas po$$ibilidades. Ah, o carro... três dormindo não ia ser confortável. Rebaixei os bancos traseiros e dormimos encolhidos no porta malas. Batendo queixo... mas pelo menos de manhã eu estava novo em folha, pudemos seguir viagem.
Ah, que saudade do meu amarelinho...

4 comentários:

  1. Rapaz, já tive um Uno também e o bichinho me levava pra cima e pra baixo nas viagens, nas competições de MTB, festas e tal. Até rally eu fiz com ele... :-) Só tenho boas lembranças daquele carro, mas não trocaria meu Stilo pelo Uno nem a pau, ehehe!

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  2. Hehehe que história bonitinha (e nojenta, por conta das vacas)...
    É bom quando a gente percebe que viveu uma vida digna de boas risadas!
    Gostei do nome que você deu pro seu carro. NUnca pensei em batizar meu carro hihihi
    Grande beijo

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  3. Cara, curti muito meus Unos (tive outro depois desse), também fazia rally e ia pegar trilha. Meu outro, um grená, tinha rack no teto, mas como eu não tinha o suporte amarrava as bikes de cabeça pra baixo no rack. Claro que também não troco o Stilo por Uno, mas na época que peguei o 1.5R, em que o carro mais top do Brasil era o Vectra, eu tava bem na fita! Lak, eu sempre dei nome pra tudo, principalmente pras minhas bikes, já tive Carol, Sheila, Beatriz, dava até ciúme nas namoradas!

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  4. Vixe, Sam! Eu tb dava nome pra elas... Thaís, Michelle e Juliana (juju!). :-) Mas o melhor mesmo era o nome da bike de um amigo: Josi, de Josimar, ehehe!

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