sexta-feira, 26 de junho de 2009

Glub, glub, glub

Respondendo ao questionamento de uma das minhas (3) fiéis leitoras, também já me aventurei no mundo sub-aquático e dei minhas mergulhadas pelos mares do Brasil.
É realmente outro mundo. Milhões de cores, seres únicos, superfícies diferentes, além da deliciosa sensação de "flutuar" deslizando na água, sentindo o balanço do mar, não tem igual. E é uma atividade perfeitamente possível para os cadeirantes, é só haver um instrutor acompanhando. Veja aqui um relato sobre essa possibilidade.
Eu, como sempre, tenho alguns causos de mergulho. A primeira vez que mergulhei em mar aberto foi em Búzios, estava passando carnaval com uns amigos e um deles levou máscara de mergulho e snorkel. Peguei emprestado e fui nadando, me afastando da praia e curtindo as belezas naturais da costa carioca. O grande barato era nadar onde havia uns três metros de profundidade, tomar fôlego e descer para curtir corais, pedras e peixes. Numa dessas eu observei uma pedra bem estranha, com algumas pontas, e resolvi ver de perto.
Tomei ar e desci, a uns três metros, e quando cheguei bem pertinho e levei a mão para tocar, a pedra se mexeu e saiu nadando. Era um daqueles peixes camuflados, que fica quietinho no fundo, imitando pedra. Imagina o susto que eu tomei, soltei o ar todo de uma vez e ainda tinha que voltar à superfície. Fiz que nem aqueles filmes em que a pessoa está quase se afogando e chega na superfície dando aquele grito e puxando ar. Mas depois fiquei só rindo e fui atrás do peixe. Competição desleal, sempre que eu chegava perto ele saia nadando rapidinho. Deve ter pensado: "que cara mala, deixa eu fingir de pedra numa boa".
Outra vez fui mergulhar no litoral sul da Bahia. Saindo de Alcobaça de escuna, fomos até um lugar chamado Recife de Corais, perto de Abrolhos. Um espetáculo, a escuna chega e tem só um mastro pra amarrar o barco, com o tempo a maré vai baixando e surge uma imensa "ilha" de corais, com dezenas de lagoas. Pra mergulho é um prato cheio, milhares de peixes e organismos marinhos, uma festa de cores e formas. No primeiro mergulho já dei de cara com um cação, que é um daqueles mini-tubarões, que apesar de pequeno, no primeiro contato dá medo. Mas como eu tenho fogo em uma determinada parte do corpo, resolvi tentar pegar o rabo do cação. Eu mergulhava, ele corria, eu ia atrás, ele escondia. Até que o danado ficou preso numa caverninha e eu vapt!, catei o rabo do bicho e já ia tirando da água quando ele deu uma "rabada" e saiu nadando. E eu, claro, fiquei morrendo de rir.

Estou pensando seriamente em voltar a mergulhar. Sei que são necessárias algumas adaptações e treinamento, mas agora que meus pais vão morar na praia, vai ficar mais fácil ir bater um papo com os peixinhos!

Economias que um cadeirante faz

Ainda com o objetivo de ver o lado bom da coisa, verifiquei que algumas despesas são menores quando se é cadeirante. Entre elas:
- Seus sapatos podem durar décadas, afinal de contas não se desgastam. Por outro lado, você gasta com pneu e câmara, mas duram muito tempo também e são mais baratas que vários pares de sapatos;
- Você não precisa ficar um tempão rodando no estacionamento do shopping procurando vagas, sua vaga já está lá e é perto da porta (se não tiver um nó cego usando);
- Você não fica horas na fila do banco, pois tem preferência, e tempo é dinheiro!
- Você não gastará mais com anti-sépticos para os pés, popularmente chamados de tira-chulé, nem passará vergonha ao tirar os sapatos na hora "H" com aquela gatinha;
- Seus gastos com band-aid diminuirão, pois as chances de você escorregar numa casca de banana são nulas, então não machucará o popozão!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Rampa bem feita

Esse aí deve ter cansado de ouvir algum cadeirante chato, enjoado, daqueles que insiste em querer a tal liberdade de ir e vir, não se sabe pra que, e mandou construir uma rampa muito bem feita para entrarem com cadeira de rodas no estabelecimento, atrapalhando todo mundo, só pra ter liberdade de escolha. O cara só esqueceu de colocar um gancho com um cabo de aço ligado em um motor, pra guinchar a cadeira de rodas e vencer tão sutil obstáculo.
E não me venham mais reclamar de falta de acesso!!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mais loucuras do lesado

- Freestyle no Jet Ski: eu estava passando férias em Alcobaça/BA e um amigo meu levou um jet ski, e tinha dia que eu ficava a tarde inteira no bicho. Não lembro quantas cilindradas, mas sei que chegava a 90 km/h na água. Aí pensei: e se eu acelerar tudo em linha reta e de repente virar o guidon de uma vez, o que acontecerá? Idéia de girico (nossa que gíria mais velha). Lá fui eu tentar. Acelerei tudo, e fiquei naquela: "vou virar, não vou, vou virar, não vou" e de repente pow! Virei com tudo. Resultado, funcionou como uma alavanca, voei uns dez metros e caí de costas no rio. Vi só o Jet ski ficando, e de repente tudo escuro, caí na água e afundei uns três metros. Mas eu estava de colete, e nado muito bem, foi só voltar à tona, morrendo de rir.
Além disso cismei que tinha que aprender tudo quanto é manobra que eu conhecia. Comecei com o básico, 360º. Ficava girando, girando, até sair de uma vez, saltando a marola. Mas o legal mesmo era ir até o encontro do rio com o mar, onde a água faz várias ondas incompletas, fica tipo ondulações atrás de ondulações. Eu entrava nesse rolo e saltava as ondulações, cada vez mais alto. Até que numa dessas peguei a onda no meio e entrei de bico na água. Virei por cima do jet e mergulhei de ponta, até bater a cabeça no fundo. Ainda bem que era areia... Pior que perdi o relógio do meu pai, que estava usando na hora. Mas curti demais o tal do jet ski, não tem coisa mais gostosa. Aprendi também a enfiar o bico na água até quase mergulhar tudo e sair mais à frente. Claro que até aprender direito tomei outros bons capotes...
- Piloto de kart: em 1998 eu fazia estágio em uma escola de mergulho aqui em BH (é, também tem isso aqui em Minas) e um belo dia (ou melhor, uma bela noite) chegou à escola um convite para uma competição de Kart, patrocinada pela TVBH, canal de TV fechada daqui de Belo Horizonte, que reunia os melhores representantes dos esportes radicais de Minas Gerais. Ninguém se prestou a participar, mas eu pulei na hora: "Deixa comigo!!"
Fui com um funcionário de lá pro Da Matta Kart Indoor, e chegando lá tive a noção do evento, cheio de câmeras, repórteres, jornalistas. Eram oito "pilotos", representando os esportes radicais mais praticados em Minas, entre eles motocross, off road, canoagem, mountain bike, mergulho, para-quedismo e, pelo kart, um menino de 12 anos, corredor "profissional". Eu ia representar o mergulho, mas fui perguntar porque estava demorando e me disseram que o representante do para-quedismo não havia chegado, e talvez fizessem sem ele. Na hora eu saquei a carteira e dei a solução: mostrei minha carteirinha de para-quedista, emitida pela associação brasileira da categoria. Resolvido, aí foi só convencer o André, da escola de mergulho, a ir pelo mergulho. Não queria de jeito nenhum, nunca tinha corrido e morria de medo, mas consegui convencê-lo.
Passamos para o briefing, preparação pra corrida, nos entregaram os macacões (o meu quase não coube, ficou pega-frango) e capacetes e deram as principais instruções. Grid feito, câmeras a postos e foi dada a largada. Como eu já tinha alguma experiência, peguei a primeira curva por dentro e pulei pra segunda posição. No começo da segunda volta ultrapassei o campeão de kart. Mantive por três voltas mas na quarta não aguentei a pressão (também, o moleque deve pesar metade de mim) e fui ultrapassado, chegando em segundo lugar. Meu colega da escola de mergulho ficou em último lugar, dei duas voltas nele (e, claro, zoei ele muito depois). Em terceiro lugar ficou o Bê Guimarães, campeão do enduro da independência na época.
Fomos pro podium, os três primeiros, estouramos champagne, fizemos uma graça pro público e fomos dar entrevista. Na minha hora a repórter perguntou: "o que é mais fácil, saltar de para-quedas ou andar de kart?" Bem coerente, né? Eu disse que kart é mais fácil, mas para-quedas é mais emocionante.
Na semana seguinte, minha mãe encontrou uma antiga vizinha nossa de Ouro Branco, que comentou: "ah, vi o Sam na televisão, ele virou piloto de kart, né?" E outras pessoas disseram que me viram na TV, mas eu mesmo nunca vi a reportagem, na hora que passou eu estava na escola de mergulho. Foram meus 15 minutos de fama!!
PS: as fotos são ilustrativas, não tirei foto destes eventos.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Mais loucuras radicais

Hoje, e até o fim da semana, contarei algumas histórias que exemplificam meu nível de "lesão mental":
- Salto de para-quedas: em 1994 eu estava com 20 anos e fui no casamento de um primo no Rio. Espetáculo de casamento, uma capelinha no alto de um morro com uma praia de cada lado e o sol se pondo no fundo (foto acima). Foi a primeira vez que pensei: "se um dia eu cometer essa insanidade, até que assim seria legal". Encontrei lá outro primo meu que morava em Juiz de Fora, minha terra natal, e ele comentou comigo que estavam dando curso de paraquedismo (essa reforma ortográfica...) no aeroclube da cidade, e estava num preço bom. Ele disse que se eu animasse ele fazia comigo. Animasse? Nem esperei ele completar a frase, só perguntei quando ia ser. Falei com minha mãe e ela, óbvio, proibiu terminantemente.
Em dois meses eu faria 21 anos, e pedi pra minha mãe me dar uma grana ao invés de presente. Ela caiu que nem um patinho, e duas semanas antes do meu aniversário bati na porta do meu primo em Juiz de Fora. Precisa ver a cara de espanto e a história que ele inventou pra dizer que "dessa vez não dava pra ele fazer o curso". Eu não podia esperar ele criar coragem (até hoje ele não fez) e no sábado de manhã estávamos no aeroclube pra mais uma aventura minha. Paguei o curso, recebi as primeiras instruções e começamos as aulas teóricas. Eram aulas o sábado inteiro e domingo de manhã e à tarde o salto, sozinho, não era salto duplo não. Empolgação geral na primeira parte das aulas, fomos almoçar e na hora de começar a segunda parte, problema. Como eu era menor de 21 anos, tinha que ter autorização dos pais pra fazer o salto.
Como assim, se meus pais nem sabiam? Liguei pra minha mãe. Contei a história com a cara lavada, disse que já tinha pago o curso e não tinha como ressarcir. Ela nem quis saber, aí liguei pro meu pai. Nesse meio tempo descobri que um dos instrutores foi colega de faculdade do meu pai. Ê mundo pequeno, heim? O cara conversou com meus pais uma meia hora, falou da segurança do equipamento, e no fim das contas eu disse a eles que se não deixassem eu voltava dali a duas semanas e fazia o salto. Tudo bem, mandaram a autorização por fax.
Fiz o curso no sábado, fiz no domingo de manhã e fiquei ansioso para o salto à tarde. Chegou minha hora, éramos três alunos, sortearam que ia primeiro e, claro, saiu meu nome. Detalhe, para colocar o para-quedas em mim, o instrutor teve que subir em um banquinho. Ah, e tudo foi filmado pelo meu primo.
Entrei no avião, um teco-teco feito de lona e com roda de walk machine (só quem é dos anos 90 sabe do que falo), e descobri que o piloto do dito cujo era o mais velho do Brasil em atividade, daqueles que deu consultoria pro Santos Dumont. O avião sai sem a porta lateral e sem os bancos, eu e o instrutor fomos sentados no chão. Saindo da pista de pouso (depois do piloto rodar umas 15 manivelas), ele fez uma curva justamente pro lado do buraco onde fica a porta. Olhei pra baixo e o instrutor, muito do sacana, me disse: "não preocupa não, se você cair já está de para-quedas".
Chegamos em uma boa altitude, em torno de 4.100 pés (+-1.400 m) e o instrutor deu a ordem "posição de salto". Coloquei as pernas pra fora do avião e o vento quase arrancou elas, de tão forte. Aí sentei na beiradinha, só meia bunda pra dentro, olhei fixamente pro bico do avião e veio a ordem final: "vai!!". Tentei a primeira vez e nada. Tentei de novo e nada. E o instrutor "VAI!". E eu "não consigo". Devido ao meu avantajado tamanho, o para-quedas - que é uma mochila meio desengonçada - estava agarrando na fuselagem do avião. Antes que falem "ah, tava é com medo", garanto a todos que eu não via a hora de saltar, lá em cima eu só pensava "vai ser bom demais da contaaaaaa"!!
O instrutor pediu que eu me virasse um pouco de lado e consegui finalmente me jogar - no 'nada', esperando que um pano costurado reduzisse minha queda. O primeiro salto é enganchado, no pino que libera o para-quedas vai uma corda que está amarrada no avião, e quando ela acaba de desenrolar abre automaticamente. A queda livre dura quatro ou cinco segundos, mas parece mais. Como eu saltei meio torto, o para-quedas abriu mas quando conferi vi que havia uma "anomalia". Na apostila que recebemos identificam os problemas como anomalia ou pane, a primeira pode ser resolvida no ar. A segunda, só liberando o reserva. No meu caso, a anomalia é conhecida como "twist": o para-quedas abre, mas as cordas ficam torcidas, em caracol, e o slider não desce (uma peça de nylon que separa as cordas). Lembrei dos procedimentos, segurar os tirantes (que te ligam ao para-quedas), puxar um pra cada lado e balançar as pernas, "chutando" no sentido contrário da torção. Feito, como o para-quedas já estava aberto, eu girei no ar em torno de mim mesmo umas quatro vezes, depois pro outro lado, até parar.
Minha reação? "Caraaaaaaalho, muito doidoooooo!!!" E fiquei berrando uns dez segundos. Gente, o visual saltando a um quilômetro e meio de altura é uma coisa de louco. A visão do horizonte, o para-quedas aberto, seus pés "pendurados", é tudo maravilhoso. Posso contar dez vezes de formas diferentes que não passo um terço da emoção. Só vivendo mesmo, recomendo fortemente. E é um esporte muito seguro.
Desfeito o twist, fiz o procedimento de conferência, tudo ok, e comecei a seguir as instruções de terra (no capacete tinha um rádio acoplado) enquanto buscava pontos de referência para a navegação. Legal que o instrutor em terra fala com o aluno, mas não pode ouví-lo. Mesmo assim tudo que ele falava eu respondia, "tá bom", "ok", "já fiz". Os testes de navegabilidade são feitos utilizando os controles, você vira pra um lado, vira pro outro e freia. Na frenagem, tem que puxar os dois controles até o fim e contar cinco segundos. Puxei com tudo, senti a velocidade diminuindo e comecei a contar: "um mil, dois mil, três mil..." mas reparei que eu tava indo muito devagar e a velocidade voltando a aumentar, quando olhei pra cima e vi o para-quedas todo murcho, perdendo o "colchão" de ar, aí soltei de uma vez. Acontece que meus braços compridos freiaram além do necessário e o bicho começou a murchar.
Aí veio a melhor parte. O instrutor disse "agora você pode brincar um pouco nessa área". A primeira coisa que me veio à mente foi uma manobra que eu tinha visto num filme, o cara puxa um lado todo do para-quedas e vai caindo em pirueta, até o corpo ficar quase paralelo ao solo. É uma delícia, a velocidade fica alta e o mundo literalmente "roda". A sensação é indescritível. Foi tão sensacional que mesmo hoje, quase quinze anos depois, ainda sinto a adrenalina subir quando lembro. Tenho a fita de vídeo do meu salto, um dia ainda lembro de passar pra formato digital e coloco no youtube.

sábado, 20 de junho de 2009

Histórico de acidentes

Dizem que sou um exemplo. Concordo, principalmente em ser um exemplo do quanto devemos respeitar nossos limites, e de que não vale a pena se arriscar demais. Desde moleque sinto prazer em buscar aventura e testar meus limites. Mas isso me rendeu uma imensa lista de acidentes, pequenos ou terríveis. Machucados de ralar, esfolar, era toda semana. Eu praticava bicicross e fazia acrobacias com a bicicleta, o chamado freestyle. Não sei como minha mãe não montou uma farmácia, com a quantidade de mertiolate e band aid que eu consumia, valeria a pena.
Uma das partes do meu corpo que mais sofreu foi a canela. Na aprendizagem de manobras, o pedal insistia em escapar e acertar com tudo a canela. Já arranquei até pedaço dela. O joelho também sofreu muito. O cotovelo então... As marcas de cicatriz que tenho no corpo são "fatoriais", ou seja, são cicatrizes em cima de cicatrizes, algumas devem ter umas dez embaixo. Então vou listar só os piores acidentes.

- 1989: eu estava no auge do bicicross e cada vez mais apurado nas manobras de freestyle. Tanto que na pista de bicicross de Ouro Branco, uma das mais bem feitas de Minas na época, no último salto da pista havia uma rampa dupla, um morro mais alto seguido logo por um mais baixo, onde os ciclista "aterrissavam". Pra mim era pouco, eu saltava da menor pra maior, e ainda mandava uma manobra no ar, tirando um pé, virando o guidon ou a bike inteira. Numa dessas, me distraí e aterrissei com a bike "virada", a roda traseira pra um lado e a dianteira pra outro. A bike ficou no topo e eu desci a rampa grande de barriga, tipo avião fazendo pouso forçado. Só que havia uma pedra enterrada, só com a pontinha pra fora, e ela passou na minha barriga que nem faca na manteiga. Na hora nem vi, levantei sacudindo a poeira e, xingando a bike, fui pedalar de novo. Na primeira curva senti uma pontada. Parei e quando levantei a camisa, tava jorrando sangue de um corte de uns cinco centímetros do lado esquerdo da barriga. Mostrei pra uma amigo e o cara quase demaiou. Mandou eu ir pro hospital correndo. E eu, na inocência, falei "que nada, põe um bandeide aqui." Ele me convenceu, mas lembrei que minha mãe não estava em casa. Bati na porta da vizinha - não bastava assustar minha mãe, era a rua inteira - que quase desmaiou também, pois eu já tinha sangue até no pé. Resultado, dez pontos pra fechar o "rombo". Depois de três semanas tirei os pontos. No dia seguinte, caí de novo em cima do mesmo lugar. Cheguei no hospital e o médico - o mesmo que havia me atendido antes - recomendou pra minha mãe: "não deixa esse menino solto não!"

- 1990: eu com 16 anos, fui com amigos conhecer a piscina nova do clube da cidade. Uma piscina enorme, de uns 25 por 10, todo mundo foi pulando na água e eu, muito aparecido, resolvi de cara dar o que chamávamos de "salto olímpico" (nem sei se isso existe), esticando os braços e pernas em arco e entrando de ponta na água. Assim que mergulhei já encostei as mãos no fundo, e em milésimos de segundo consegui desviar o corpo para não bater a cabeça. Nisso virei corpo, e o braço esquerdo sobrou. Virei por cima dele, e ao sair da água, com uma dor imensa, vi que ele estava deslocado, caído ao lado do corpo. Gritei pra um amigo meu que estava na borda e pedi que ele me puxasse o braço, porque estava caído, aí ele voltou pro lugar. Correram no clube e encontraram um médico, mas já nem precisava, a luxação estava feita e o braço no lugar de novo. Detalhe, nem perguntei se a piscina era funda. Não tinha nem um metro e meio de profundidade. Mas ainda bem que não bati a cabeça, essa é uma das causa de tetraplegia, mergulho em águas rasas.

- 2000: eu morava em Viçosa e minha namorada na época em Coimbra, a 15km de Viçosa. Eu geralmente ia de carro até Coimbra com a Bike atrás pra descer a serra de São Geraldo, mas decici, um belo dia, ir de bike pra Coimbra, à tardezinha pra descer no outro dia de manhã. Saí de Viçosa no fim da tarde, já escurecendo, com uma mochila com o equipamento de trilha dentro, incluindo meu capacete. Ia numa boa, pelo acostamento, quando fiquei de pé na bike, colocando o peso no guidon e forçando ela pra baixo pra ouvir um barulho na suspensão traseira. De repente, virei com tudo pra frente, batendo o queixo e a cabeça fortemente no asfalto. Havia uma lombada no acostamento, para desviar a água da chuva, que eu não tinha visto. Como estava com o peso mais no guidon, caí de uma vez, sem chance de colocar a mão na frente. Quando levantei, jorrou sangue do meu ouvido que nem torneira, caindo na minha camisa, que era branca e ficou quase toda vermelha. Eu havia fraturado o maxilar, além de abrir um rombo no lábio inferior. Aí vem a parte engraçada. Um filho de Deus parou pra me ajudar, oferecendo-se pra me levar ao hospital. Agradeci na hora mas disse que não podia deixar a bicicleta no asfalto, pois era muito cara. O cara foi tão bacana que abriu o porta mala e enfiou a bike lá, pedindo pra mulher dele segurar a roda enquanto eu entrei no banco de trás. O fluxo de sangue tinha parado, entrei no carro na porta traseira com cuidado pra não pingar e liguei pra namorada. Falei com dificuldade, com o beiço balançando e pingando sangue, e quando desliguei e olhei pro lado estavam as duas filhas do casal, apertadinhas no canto me olhando com cara de pavor. Tadinhas, nunca mais devem ter andado de bicicleta. Além do maxilar quebrado, deu um coágulo na cabeça, o que me deixou um pouco mais retardado. Pior foi que, pra remendar o maxilar, como não dá pra engessar, os médicos colocam uma espécie de aparelho e travam com aquelas gominhas, fiquei de boca travada um mês, sem comer nada sólido, só vitaminas e caldos de canudinho. Emagreci só dois quilos!

- 2006: acidente de moto, quebrei a coluna lesando a medula no nível T2. Mas esse já contei aqui.

E tá bom né, espero ter encerrado a carreira "hospitalar" por aqui.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Complexo de homem aranha

Sempre fui entusiasta dos esportes radicais. Eu era meio viciado em adrenalina, estava sempre procurando uma coisa errada pra fazer, e não conseguia andar de bicicleta normalmente, ou era empinando ou procurando um caminho mas difícil. Até em Floripa, em 2006, encontrei um jeito de chegar ao prédio do mestrado por uma trilha que dava num salto de mais de um metro, passava todo dia ali, mesmo nas frias manhãs de junho, só pra dar uma "radicalizada".
O que mais pratiquei e me especializei foi downhill. Não tem coisa mais louca que descer montanha a toda velocidade saltando obstáculos e desviando de pedras, árvores, penhascos e barrancos. Mas eu era tão desorientado que vivia inventando meios de aguçar a adrenalina e despejar mais alguns mililitros no meu sangue. Não é tão legal dizer isso hoje, já que uma dessas "invenções" me custou os movimentos das pernas, mas mesmo assim é bom relembrar.
Uma das coisas que eu fazia pra aumentar a adrenalina era subir em torres. Qualquer torre, de TV, celular, rádio. Subi em quase todas de Viçosa. Isso começou porque eu fazia trilha de bibicleta em tudo quanto é montanha, e muitas vezes me deparava com alguma torre no caminho. E como não tinha muita proteção, e quando tinha a gente dava um jeito, lá ia eu e quem tivesse coragem subir na torre. Escrevi meu nome várias vezes no topo delas, arranhando com chave. Colocava o nome e a data, pra voltar depois e colocar outra data. Deve ter torre com mais de dez "marcas" minhas.
Mas não bastava ao retardado aqui subir na torre. Tinha que ir até o ponto mais alto, geralmente entre 20 e 50 metros do chão. E lá em cima, dava uma "pendurada" pra sentir a pressão da altura. Incrível como essas torres balançam. Tem hora que dá medo, principalmente nas mais finas, mas se balança é porque a estrutura aguenta. Mas nunca depredei torre alguma, subia só pra curtir o visual mesmo e colocar meu nome.
As fotos são nas torres de televisão e telefonia que tem entre a cidade e a universidade. Nas duas últimas fotos estou pendurado no ponto mais alto. Graças a Deus não virei cadeirante mais cedo. Ou coisas pior.
Outros feitos da minha busca por manter altos os níveis de adrenalina (obs.: não recomendo a ninguém estas loucuras, serve na verdade como aviso, com esta postura fiquei paraplégico, que é até uma consequência "branda"):
- 205 km/h em moto, numa ninja 1.100;
- 220 km/h em carro, num Xsara 1.8 16V, fazendo racha com um Audi e um Golf (os três prata, tava até bonito) na BR040;
- 87 km/h em bicicleta, descendo montanha em trilha;
- mais de 100 km/h em bicicleta, descendo montanha no asfalto (o computador de bordo só marca até 99 km/h);
- Curso e salto de para-quedas em Juiz de Fora;
- Viagem de carro (Uno 1.5Egg) de Viçosa a Belo Horizonte (230 km) em duas horas e cinco minutos (média superior a 100 km/h);
- Viagem de bicicleta de Viçosa a Ouro Branco (140 km), duas vezes indo e uma vindo;
- Dezenas de corridas de kart, com êxito em mais de 90% delas;
- Manobras radicais de jet ski em Alcobaça, aprendi até a mergulhar a frente e sair da água em salto.
Tenho muitas histórias destas aventuras, depois conto mais. Ultimamente tenho publicado aqui histórias antigas minhas, fugindo um pouco do tema "lesado com lesão" mas é só pra mostrar o quanto eu era lesado antes da lesão.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Menino Vidente

Um homem vai ao quarto de seu filho dar-lhe boa noite.
O garoto está tendo um pesadelo.
O pai o acorda e pergunta se está bem.

O filho responde que está com medo porque sonhou que a tia Suzana havia morrido.
O pai garante que tia Suzana está muito bem e o manda de novo para a cama...
No dia seguinte tia Suzana morre.

Uma semana depois, como de hábito, o homem vai ao quarto de seu filho dar-lhe boa noite.
O garoto está tendo outro pesadelo.
O pai o acorda.
O filho diz que está com medo porque sonhou que o vovô havia morrido.
O pai garante que o vovô está muito bem e o manda de novo para a cama.
No dia seguinte o vovô morre.
Uma semana depois, o homem vai de novo ao quarto de seu filho para dar-lhe boa noite.
O garoto está tendo outro pesadelo...
O pai o acorda.
Desta vez o filho responde que está com medo porque sonhou que seu pai havia morrido.
O pai garante que está muito bem e o tranqüiliza.
Mas... não consegue dormir...
No dia seguinte, está apavorado. Tem certeza de que vai morrer.
Ele sai para o trabalho e dirige com o maior cuidado para evitar uma colisão.
Ele não almoça de medo de sua comida estar envenenada.
Evita todo mundo, de medo de ser assassinado. Ele tem um sobressalto a cada rua, e a qualquer movimento suspeito ele se esconde debaixo de sua mesa.

Ao voltar para casa, ele encontra sua esposa e diz:
- Márcia.... Tive o pior dia de minha vida!
E ela responde,chorosa:
- Você acha que foi o pior... E o meu chefe, que
morreu hoje de manhã, assim que chegou ao escritório!

MORAL DA HISTÓRIA:
Melhor corno que defunto

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Histórias da república

Morar em república é uma experiência de vida tão importante que devia ser obrigatória, como um "ritual de passagem". A gente aprende a conviver com diferenças, a respeitar o espaço do outro (ou não), descobrimos como manter uma casa, o papel de cada um para que tudo funcione bem e aprendemos a utilizar os recursos da melhor forma possível e com orçamento limitadíssimo (eu separava bem meu dinheiro, 80% pra festas, 15% pra casa e comida e o restante pra diversos). Crescemos como pessoas e vivenciamos um test drive de como será a vida a dois, por isso somos tão bons maridos (tem que puxar sardinha pro nosso lado, claro).
Mas o que interessa aqui são as histórias. Este tema daria um blog só pra isso ou um livro, ou melhor, uma novela tipo mexicana, no estilo humor pastelão. Pensa bem: eram quatro ou cinco jovens na faixa de 18 a 20 anos, cada um fazendo uma faculdade diferente, geralmente um de cada canto do país, morando fora da casa dos pais pela primeira vez e todo mundo cheio de vontade de curtir, namorar, festejar e viver novas experiências. Cenário perfeito pra muita confusão. E alguns arranca-rabos também.
Eu dei muita sorte com repúblicas em Viçosa. De cara fui parar em uma das mais bem localizadas e com mais gente boa da cidade. Eram três de Brasília e dois de Minas. Na foto acima, em sentido horário, Paxtel (eng. alimentos), Nica(eng. civil), Eu (adm.), Varela (direito) e Negão (biologia). E eu que tirei a foto. Tinha essa mania. O prédio era no meio do calçadão, que ainda tinha aquele negócio de cidade do interior, nos finais de semana lotava à tarde, gente passeando, tomando um café ou jogando conversa fora. No andar em que morávamos tinha mais três repúblicas, uma feminina, outra masculina e uma mista, morava o irmão de uma delas lá, elas chamavam de Harém das Bulinhas. A nossa com a das Bulinhas era quase um apartamento só, as portas viviam escancaradas e gente passando de um lado pro outro o dia inteiro (e à noite também...).
Como a gente se divertia. Eram três violões na nossa república, e uma pilha daquelas revistinhas com cifras, e neguinho tentando tocar o tempo todo. Eu e Negão éramos os esportistas, eu no Mountain Bike e ele no ciclismo e atletismo. Nica era o mais musical, violão o dia todo, ensaio com banda, e tinha uma turma de RPG. Paxtel já falei aqui, mais doido impossível. O Varela era o meio termo, pé no chão, organizava as coisas, tomava frente de tudo. Ah, e nos intervalos a gente estudava. Eu acho.
Vamos às histórias. Tem tantas que nem sei por onde começar.
- Pingue pongue canino. No fim do primeiro ano da república, a mãe do Varela, de Brasília, foi nos visitar pela primeira vez. Ela chegou bem arrumada, perfumada e trazendo um daqueles mini cachorros no colo, não sei a raça, mas era do tamanho de um gato, ou melhor, de um rato bem nutrido. Ela achou tudo uma zona, sentiu falta de um monte de coisa, achou os quartos bagunçados e os colegas de república meio esquisitos. Tudo com o danado do cachorrinho no colo. Eu e Nica só vendo a cena, no quarto do Varela, e ela nos entrega o bichinho e pede gentilmente: "toma conta do meu neném pra mim que vou no banheiro". Olhei pro Nica, ele olhou pra mim com aquele projeto de cachorro nas mãos e não tivemos dúvida: vamos jogar pingue pongue com ele. Eu na cabeçeira, ele no fim da cama, e lá vai totó prum lado, totó pro outro, o bichinho tava tão assustado que nem latiu. Se é que aquilo late. Foi muito engraçado os pelinhos voando e o olho do cachorro cada vez maior. Ela voltou e eu catei o bicho na mão, acarinhando ele e falei:
"muito tranquilo esse bichinho, heim", enquanto eu sentia o coração do bicho quase pulando pra fora e os olhinhos arregalados pedindo pra mamãe "me tira daquiiiii"...
- Invasão de aniversário. Tínhamos a estranha mania de invadir o quarto da pessoa na véspera do aniversário, assim que o relógio passava de meia noite. Numa dessas, aniversário do Paxtel chegando e tava todo mundo lá em casa (todo mundo inclui as outras três repúblicas do andar e alguns visitantes). Como moço comportado que era foi dormir lá pelas dez da noite, e quando deu meia noite juntamos todos (umas quinze pessoas) na porta e "Aeeee Paxteeeel!!! Parabéeeeens!!", entramos com tudo no quarto do indivíduo. Nunca vi um susto tão engraçado, o cara pulou da cama e se juntou na cabeceira, batendo a cabeça na parede e catando o cobertor. Ah, ele dormia só de cueca e já tinha umas cinco meninas lá dentro. Passado o susto pegamos o Boiola, amigo nosso que faz aniversário no mesmo dia, tiramos a roupa dele, jogamos em cima do Paxtel e tiramos a foto abaixo, devidamente divulgada na Universidade na semana seguinte.
- Guerra de pão. Lembro também (vagamente) de um dos primeiros porres que eu tomei em Viçosa. Saí com um amigo de Vitória, cujo nome é alguma coisa parecida com Sidney, acho que era Stanley. Chegamos na república totalmente lesados e resolvemos que tinhamos que comer alguma coisa. Achei um peito de frango na geladeira e colocamos no micro-ondas. Enquanto isso encontramos um pacote de pão velho e começamos uma gerra de pão que acordou metade do prédio. Quem apareceu na sala pra ver do que se tratava levou uma "pãozada" na orelha (e deve ter doído, porque o pão tava duro que nem pedra). Pronto, teve início a guerra de pão. Neguinho se escondendo atrás da porta da geladeira aberta, atrás da mesa, veio gente da outra república com mais pão e virou um "pãodemônio". Imgainem como ficou o chão depois disso.
Quanto ao frango, o micro-ondas apitou e o Stanley simplesmente pegou com a mão e colocou em cima da mesa. Eu perguntei "não tá quente não?" e o cara "não sei, não tô sentindo nada". No outro dia, a mão vermelha que ele ficou confirmou minha suspeita.
Caramba, tem muito mais coisa engraçada. Muita coisa só quem viveu acha engraçado, mas está sendo bom desenterrar essas histórias!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Mais histórias do Paxtel

Ontem, assim que eu publiquei o post anterior, entrei no skype pra comentar com o Nica sobre as histórias. Detalhe, o cara tá na Holanda fazendo MBA. Quem diria heim Nica, você estudando na Europa e eu fazendo mestrado em finanças. Quem nos conheceu em Viçosa ainda se pergunta como é que conseguimos formar. No fim das contas passamos quase uma hora lembrando dos casos da república e rachando de rir. E não tem jeito, as mais hilárias envolviam o Pastel. Na foto acima ele pegou minha televisão no meu quarto enquanto eu estava na aula, à noite (ele fazia isso sempre) e o Veínho foi pro quarto dele fazer companhia. Quando eu cheguei, fui lá recuperar meu entretenimento e me deparei com a meiga cena acima. Não resisti, peguei uma garrafa de vinho e uma camisinha pra compor a cena e tirei a foto, devidamente divulgada nas repúblicas femininas do prédio.
Algumas façanhas do Paxxxtel: ficou de porre numa festa e o Marcelo, que morava com a gente, mandou ele ir embora pra casa porque tava bêbado. Chegou bravo em casa e deu um soco na porta do quarto dele, que já não era muito forte nada, e abriu um buraco nela. Foi tentar arrumar e aumentou o buraco, virou um rombo. No dia seguinte rolou aquela ressaca moral.
Na Copa do Mundo de 94, muito patriota, ele cismou de pendurar uma bandeira do Brasil enorme na janela. Acontece que nossas janelas eram na altura dos fios elétricos, no primeiro vento que deu a bandeira se enroscou nos fios, provocou um curto e pegou fogo! Precisa ver o desespero nosso e de quem tava lá embaixo. Sorte que nenhum patriota passou na hora e veio tirar satisfações com a queima da bandeira brasileira.
Outro dia nos bate à porta a vizinha do andar debaixo, perguntando quem morava no último quarto do lado direito. Perguntamos porque e ela soltou a sentença:
- Fala pra ele ir lá em casa varrer a sala, porque todo dia ele fica picando papeizinhos na janela e enche minha sala de papel.
Paxtel tinha a mania de abusar do alheio, dar aquela filada no rango dos outros. Mas não era por mal, ele achava normal, coisa de família. Mas de vez em quando neguim saía xingando ele porque comeu o último biscoito do pacote, coisas de estudante. Pensando em proteger o patrimônio gastronômico, o Nica passou a trancar o armário. Paxtel não se fez de rogado, depois da terceira investida no armário ele sacou uma chave de fenda pra desmontar a porta e pegar o chocolate especial que o Nica trouxe da casa da mãe. Fazer o que, quando chegou em casa o Nica só conseguiu dar risada do armário desmontado.
O cara sofria de uma carência sem tamanho. Domingo à noite ele pegava o primeiro que via pela frente pra assistir trapalhões com ele (na minha TV, claro) pois o pai dele não assistia com ele quando era criança. E ai do cara que quisesse sair de perto, ele arrumava um jeito de segurar o "amiguinho". E se a pessoa começasse a ler jornal ou revista, ele chorava: "Você não está prestando atenção! Meu pai fazia a mesma coisa!"
Um certo dia que ele matou aula e o Nica perguntou porque, e ele disse que a mãe dele tinha mandado ele pra aula com febre uns 10 anos antes, então ele estava se vingando dela matando aula aquele dia. Bem que dizem que vingança é um prato que se come frio. Nesse caso, gelado.
E teve ainda uma noite em que ele estava chegando da Universidade de bicicleta e parou no orelhão, a 50 metros do prédio, pra ligar pra mãe dele e na hora de ir embora esqueceu a bicicleta lá, que foi levada pelo primeiro espertinho que passou. Como Paxtel ficou triste...
Com as mulheres era um mistério, tinha até fã clube, mas se fazia de difíiiicil que só vendo. Quando uma japonesa amiga nossa conseguiu romper a barreira e arrancar uns beijos e amassos com ele, quando a coisa esquentou ele afastou e perguntou sério pra ela: "que tipo de homem você acha que eu sou?". Pronto, a menina apaixonou. Mas quem conseguiu mesmo furar a barreira foi a Dani, não só porque ele gostava dela, mas porque ela era bem mais forte e ele não conseguia fugir dela.
Na real o Paxtel foi uma grande figura que passou por Viçosa e além de bons amigos deixou muitas histórias! Grande abraço ao nosso amigo Fabrício, sempre Paxtel pra nós!

O rebelde sem causa

Partindo do princípio que a Internet não te deixa mais idiota, só deixa tua idiotice mais acessível aos outros, venho mais uma vez queimar meu próprio filme. A foto acima eu tirei pensando em mostrar aos meus filhos no futuro minha fase de rebeldia na adolescência. Mas como o filho ainda demora, mostro aqui de uma vez antes que eu esqueça as histórias.
Foi na república em que eu morava em Viçosa, em 1993, aos 19 anos, no segundo ano de faculdade na Universidade Federal. Primeira vez que saí da casa dos pais, consegui vaga na república mais bem localizada da cidade, na galeria Maria Mucci, no calçadão de Viçosa, perto da Universidade e perto dos melhores botecos.
Não dá pra ver direito, mas estou usando um colar com o símbolo da anarquia, brinco de argola na orelha esquerda e deixei crescer todos meu cinco fios de barba formando uma estranha barbicha. Ah, e o cabelo também deixei crescer, usava ele amarrado tipo rabinho. E a cara de mau (dá até medo) é pra mostrar a rebeldia. Mas eu não era emburrado não, na verdade, a expressão foi só pra parecer rebelde.
Dá pra perceber na estante uma garrafinha de Coca Cola do Rock in Rio II (momento merchandising) e a impressionante quantia de três livros, provavelmente pra enfeitar. A foto da namorada era como um troféu, uma das mulheres mais lindas de Ouro Branco, minha cidade de origem, em cima da caixa com as cartas que ela me mandava (algúem lembra disso, cartas via correio?) Também é evidente a Joana, a bicicleta em que mais rodei na vida, só a viagem de Viçosa a Ouro Branco, de 140 km, fiz três vezes. É, eu gostava bem de pedalar. Mas conto em outro post.
Voltemos ao rebelde. Dá pra perceber também a rebeldia em não lavar as roupas e deixar acumular no cantinho, em cima de uma caixa de bicicleta (que já devia ter ido pro lixo, mas eu tinha mania de guardar lixo), à espera do dia em que nossa faxineira fosse lá sofrer com uma tonelada de roupas. As minhas ainda costumavam estar duras de barro seco, das trilhas que eu fazia.
E os companheiros de república? Não, ninguém era normal. Da esquerda pra direita, eu, o Nica, amigo de infância de Ouro Branco, o apelido é devido à procedência, Nicarágua, atrás dele está o Marcelo Varela, embaixo com os óculos pintados de corretivo está o Veínho (Robson) e enfim o Pastel, vulgo Fabrício. Marcelo e Fabrício eram de Brasília, e o resto de Minas. Vendo as fotos agora lembro de tanta história que já tô rindo antes de contar. Esta acima e a próxima foram tiradas no dia do Aniversário de 21 anos do Pastel, 29 de julho de 1994. Isso que é memória heim!
Vou contar um pouco sobre o Fabrício Pastel. Ou, como ele dizia, Paxxxtel. Um dos caras mais estranhos que já conheci, e também um dos mais bacanas. As viagens dele eram hilárias. Numa dessas, ele cismou de fazer um ovo frito. Pegou a frigideira, procurou embaixo da pia e viu que estávamos sem óleo. Lá vai ele bater na porta das vizinhas (opa, viajei, ninguém batia na porta, ia entrando). Encontrou a Iza, carinhosamente chamada de "mãe" por nós, calouros dela, e pediu o óleo emprestado. Veio com o óleo, pôs na frigideira e procurou o sal. Não tinha. Voltou na mãe, pediu sal e veio pra casa. Óleo, sal, foi pegar o ovo. Pra surpresa dele, não tinha também. Voltou na casa da mãe, pediu o ovo "emprestado" (ela nunca ia ver de novo) e quando já ia saindo, deu uns passos pra trás e falou: "ô mãe, faz um ovo pra mim?" Nem um pouco folgado.
Outra história dele. O Nica fazia engenharia civil, o Pastel engenharia de alimentos. Nica ia saindo de casa e pediu ao Pastel, que estava fazendo alguns exercícios na sala, o livro de cálculo emprestado. Ele falou pro Nica pegar no quarto, na estante. Nica voltou, dizendo não ter encontrado o livro. Pastel achou estranho, e perguntou ao Nica:
- Ué, não lembro de ter emprestado pra ninguém, você lembra se alguém pediu?
- Não, acho que não, disse o Nica, que percebeu que ele estava no exercício 128.
Tudo bem, foi o Nica pra aula. Duas horas depois, chega o Nica em casa e vê o Pastel com um ar aéreo, falando sozinho. Chegou perto e viu que ele ainda estava no mesmo exercício, que estava todo rabiscado enquanto ele repetia:
- Será que emprestei o livro pra alguém? Será que deixei na biblioteca? Onde será que está meu livro de cálculo? Estranho não estar na estante...
O cara nem se levantou pra procurar no quarto, tal era a viagem do indivíduo. Grande figura o Pastel, saudades daquele tempo de república e das viagens da galera. Depois conto mais!!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Dez vantagens de ter um relacionamento com um cadeirante

Já listei aqui as principais vantagens de ficar com um cadeirante, agora relaciono as vantagens de ter um cadeirante como companheiro, afinal não basta ficar, tem que levar o mamulengo a sério e investir na relação. Para encorajar as moçoilas, aí vão as vantagens.
- Dá pra furar as filas, como acompanhante do cadeirante;
- Tem lugar marcado nos cinemas, ao lado do cadeirante, mas se achar muito perto ainda pode largar ele lá e ir mais pro fundo;
- Pode dirigir o carro dele e estacionar nas vagas de deficiente (isso é sacanagem, não façam isso não heim!);
- Pode dar uma voltinha na cadeira de rodas pra curtir ou pra descansar as pernas;
- Se o cadeirante brigar contigo ou encher o saco, esconde a cadeira dele!
- Quando tirar alguma coisa dele, como a carteira ou o cartão de crédito, é só levantar as mãos que ele não consegue pegar de volta;
- Você pode dar aquela olhada em outros caras enquanto empurra a cadeira do infeliz. Cuidado se ele instalar um espelho retrovisor;
- Pode ir sozinha na festa daquela amiga porque o lugar tem muitas escadas (não vale pedir pra amiga fazer num lugar assim de propósito);
- Quando o cadeirante estiver "animadinho" e você com "dor de cabeça", fica mais fácil fugir das investidas dele, é só ir pra outro cômodo da casa e levar a cadeira dele junto (cuidado com a revanche depois, heim);
- É garantido que ele não vai sair correndo na hora do "sim" no casamento.
Agora não tem desculpa, se souber de algum cadeirante reclamando que está sozinho e não arruma namorada, é só indicar o blog do "lesado e meio" que tem argumento de sobra aqui!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Cadeirante Rico

Não sei se fico feliz ou triste com uma imagem dessas. Feliz se o dono do carro for cadeirante, é prova que o cara arranjou um jeito de continuar curtindo a vida em uma máquina dessas. Triste se o dono não for deficiente (grande chance). Mas prefiro pensar que o cara é rico.
Afinal de contas, ser cadeirante não impede ninguém de ficar rico. Até ajuda. Olha só os caras que trabalham com cadeiras e equipamentos pra cadeirante, a maioria também é cadeirante. Se o cara não ficar rico vendendo cadeiras de rodas, pode apelar pro mundo do crime. Já pensou um cadeirante assaltando um banco?
Acho que os guardas nem correriam atrás dele, de dó. Tadinho, deixa o larápio quebrado se divertir um pouquinho, afinal ele sofre tanto! Quem sabe ele não compra uma Lamborghini? Poderiam até criar um local próprio para assaltante cadeirante, com rampa e veículo de fuga adaptado. É só colocar essa placa aí. Já que tem tanto assalto no país, vamos dar direitos aos mamulengos!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Bebedeiras, chapações e pingaiadas

Se teve uma coisa que fiz com louvor na época da faculdade, digno de levar nota 100, foi encher a cara. E o mais incrível é que comecei a tomar cerveja lá, aos dezoito anos. No primeiro ano bebia só se a festa fosse muito boa, no segundo ano bebia quando encontrava os amigos nos fins de semana, do terceiro ano em diante bebia quando... estava acordado! Tá bom, estou exagerando um pouco, mas todo fim de semana "estudantil" (começa na quinta e acaba na segunda) era de lei. E tenho muuuuita história de chapações, minhas e de amigos. Eu sempre segurava a onda dos mais loucos, mesmo quando não segurava nem a minha.
Eu sempre tive uma mega resistência pra bebida, não ficava ruim de jeito nenhum. Mas tinha bebedeiras que nenhum ser humano aguenta. Vou contar algumas leves...
A primeira vez que fiquei realmente ruim, minha intenção era mesmo descobrir se existe amnésia alcoólica. Eu tinha um amigo que sempre bebíamos juntos, ele ficava pior que eu e no outro dia ficava me perguntando 'que que eu fiz ontem? paguei muito mico?' e eu só ria da cara dele, não acreditava que o cara não lembrava de nada e eu de tudo. Pois numa festa de aniversário de um amigo meu, resolvi me por à prova. Era inverno, na época fazia sucesso a Kaiser Bock, mais encorpada, e eu sabia que vodka tem propriedades "amnesiantes". Pronto, misturei Kaiser Bock com vodka. Grande quantidade de ambas.
E o resultado, a amnésia alcoólica existe! No outro dia eu só lembrava de flashes. Flash 1, eu na varanda da casa conversando com alguém. Flash 2, eu andando com alguma dificuldade até o freezer pra pegar mais cerveja. Flash 3, o chão, o para-choque de um carro, um alarme disparado, coisas nojentas saindo de dentro de mim. Flash 4, um balde, minha cama e meu quarto giratório. E só. E uma puta duma ressaca no dia seguinte.
E a história por trás dos flashes? Descobri como é vergonhoso alguém te contar o que VOCÊ fez.
Flash 1: eu cheguei na varanda da casa, encostei no para-peito e fiquei tomando uma vodka. Chegaram duas meninas e uma dela se encostou ao meu lado. Entrei com o diálogo-padrão:
- E aí, tudo bem? e ela:
- Tudo.
- Como é que você chama?
- Fulana (não lembro do nome)
- O que você tá bebendo?
- Cerveja.
- Eu tô tomando vodka, você quer?
- Não, obrigada.
Silêncio. Mais um gole de vodka. Dei uma olhada na festa. Aí virei pra ela e:
- E aí, tudo bem?
- Tudo.
- Como é que você chama?
- Fulana.
- O que você tá bebendo?
- Cerveja.
- Eu tô tomando vodka, você quer?
- Não, obrigada.
- Eu não te conheço de algum lugar?
- Não... (deve ter pensado "de cinco minutos atrás")
Nisso ela e a amiga foram se afastando com aquela cara de "prendam esse doido".
Flash 2: da varanda pra cozinha, onde tinha a bebida, fui me arrastando na parede, com as mãos abertas, tentando me manter de pé. Essa façanha me rendeu o apelido de "homem lagartixa" por um bom tempo.
Flash 3: saindo da festa (escorado dos dois lados) eu insisti que precisava sentar em algum lugar. Vi um carro e achei que seria boa idéia sentar no capô. Dito e feito, o alarme do carro disparou na hora. Nisso eu fui escorregando até a frente do carro e chamei aquele juca. Vomitei até as tripas na frente do carro. E o alarme tocando bem na minha orelha.
Flash 4: fui arrastado pra casa, me sentaram na cama e eu disse que tinha mais pra pôr pra fora. Pegaram o balde e eu ruaaarrhhh depois do balde. Arrastaram o balde pra frente e eu ruaaaarrhh atrás do balde. Aí o cara desistiu, quer sujar o chão, suja. Ainda bem que só tinha água pra jogar fora, nem foi tão nojento. E minhas bondosas vizinhas limparam o chão.
Bem, assim descobri que amnésia alcoólica existe e não é nada boa...